Em junho deste ano o mundo dos vinhos sofria um tremor de agitação. Luís Sottomayor, enólogo da mítica produtora de vinhos durienses, Casa Ferreirinha (Sogrape), anunciava o lançamento neste outubro da 18ª edição do não menos mítico Barca Velha. Promessa cumprida, o Barca Velha 2008 já se encontra no mercado, um dos mais raros e caros vinhos de mesa portugueses. Dezoito mil garrafas que chegam à mão do apreciador com um preço unitário que deverá superar os 350,00 euros.

Um néctar que, na sua anterior edição (colheita 2004), alcançou uns invejáveis 19 pontos (em 20) na opinião do crítico João Paulo Martins e uns 99 pontos (em 100) na internacional Wine Enthusiast.

Este é um vinho que apenas chega ao mercado quando é declarada uma “vindima excecional” na duriense Quinta da Leda, o que aconteceu em 2008, como anunciou Luis Sottomayor. “Os grandes vinhos revelam-se logo à nascença, mas os vinhos superiores, aqueles que ficam para escrever e contar histórias, esses precisam de provar que merecem um lugar na garrafeira e passar o teste do tempo”, comenta o enólogo da Casa Ferreirinha, no site da empresa.

É o caso deste Barca Velha 2008 amadurecido ao longo de oito anos, um vinho que incorpora as castas Touriga Franca, Touriga Nacional e alguma Tinta Roriz e Tinto Cão. De acordo com a crítica estamos perante um néctar com um estilo mais austero do que os anteriores Barca Velha de 2000 e 2004.

Um tinto classificado como “misterioso”, concorrendo para este adjetivo a complexidade no olfato a na boca. A este propósito escreveu Edgardo Pacheco no Jornal de Negócios, “Há [no Barca Velha] frutos vermelhos e pretos, há especiarias, há madeiras exóticas, há chocolate negro, há tabacos, há... sabemos lá. E, depois, muitas destas coisas regressam na boca, que tem tanto de finura como de força. Bons taninos, belíssima acidez e equilíbrio alcoólico. E é esta mistura que dá algum carácter enigmático ao tinto”.

Das notas de prova deste Barca Velha retiramos: “cor rubi de boa profundidade e um aroma intenso com saliência para os frutos vermelhos vivos e especiarias como pimenta e cravinho. Revela também aroma balsâmico e a cedro, bem como resina e caixa de tabaco. Sentem-se notas de espargos e alcachofras, e algum sous-bois. Na boca mostra um excelente volume, acidez viva e taninos intensos, revelando notas de frutos vermelhos, pimenta, cravinho e gengibre. O seu final é extraordinariamente longo, elegante e harmonioso”.

Sublinhe-se que, desde 1952 ano em que chegou ao mercado o primeiro Barca Velha, apenas três enólogos estiveram envolvidos na produção deste vinho. Fernando Nicolau de Almeida, José Maria Soares Franco e Luís Sottomayor.

Esperámos oito anos, mas temos um novo Barca Velha para provar