Em outubro deste ano, Ángel Pardo, diretor de relações exteriores do Guia Michelin visitava Portugal e deixava uma quase promessa. O nosso país vai duplicar o número de estrelas Michelin em 2017. Neste momento o cantinho luso conta com 14 restaurantes premiados com o mais famoso galardão do mundo da gastronomia. Onze restaurantes detêm uma estrela, três restaurantes alcançam as duas estrelas (no final do artigo encontra a lista completa).
Nas mesma conferência de imprensa Ángel Pardo deixava uma garantia. Em Portugal não teremos nenhum três estrelas Michelin em 2017. Em jeito de compensação o responsável da Michelin adiantava: “o que denota a boa saúde da gastronomia de um país não é se há muitos restaurantes com duas ou três estrelas Michelin, mas sim se temos a alcançar a primeira ou segunda estrela”.
De referir que os nossos vizinhos espanhóis contam atualmente com perto de duzentos restaurantes galardoados com estrelas Michelin.
Aguardemos para ver se algum dos seguintes restaurantes sobe a 23 de novembro ao pódio:
Na capital não há como fugir ao Loco (Rua dos Navegantes, 53B). Um conceito arrojado dirigido na cozinha pelo chefe Alexandre Silva. Na carta a atenção ao orgânico, aos produtos nacionais e à Natureza. Como diz o chefe “vive ao sabor das micro-estações”. Um menu que convida a uma experiência sensitiva que se vive, no mínimo, em 18 momentos (pratos).
Entre os restaurantes elegíveis com estrela Michelin em 2016 está o Alma (Rua Anchieta, 15, em Lisboa) onde Henrique Sá Pessoa expressa a sua cozinha de autor, fortemente influenciada pelas suas viagens, a paixão pela Ásia, o conhecimento da cozinha tradicional portuguesa. Na ementa encontramos cinco menus que espelham estas referências. Para Henrique Sá Pessoa há apenas “a cozinha boa e a cozinha má. A sua, define-a como uma cozinha de sabor: gosto refinado, técnica perfeita e produto excelente”.
Próximo da capital, não será de estranhar se uma Estrela Michelin se colar à fachada do LAB by Sergi Arola. O restaurante no Penha Longa Resort, (Estrada da Lagoa Azul - Alcabideche).À frente da cozinha deste espaço um chefe que já deu provas do outro lado da fronteira, em Madrid. Arola fechou o restaurante que detinha na capital espanhola, um duas Estrelas Michelin. Concentrou o seu génio deste lado da fronteira num restaurante com apenas 22 lugares e uma carta com três menus de degustação.
Apontando a terras alentejanas, há quem aposte na recuperação da Estrela do L’And (Montemor-o-Novo) do chefe Miguel Laffan. O restaurante entrou no Guia Michelin em 2014 e em 2015. Em 2016 perdeu a estrela conquistada. Na altura, Laffan definia a perda como “um murro no estômago”. A dispersão do chefe por outros projetos terá concorrido para uma nota menos abonatório dos inspetores do Guia Michelin. Os menus do restaurante refletem um encontro de culturas e sabores, combinando a cozinha mediterrânica e a alentejana com toques contemporâneos e orientais.
Sem deixar o Algarve, nota mais do que positiva para o restaurante Gusto by Heinz Beck (Conrad Algarve, Estrada da Quinta do Lago, Almancil). Recorde-se que é dirigido na cozinha (à distância, no terreno está uma equipa formada pelo chefe) por um chefe com três estrelas Michelin. Heinz Beck, conhecido como um dos "Mestres" indiscutíveis da gastronomia. Tornou-se uma lenda nos círculos gastronómicos devido à sua consistência no La Pergola, no Waldorf Astoria Rome. Em Portugal replica a sua cozinha, num restaurante de sabores mediterrânicos e envolvente nórdica.
A Sul, no Algarve, o Vista (Bela Vista Hotel & Spa - Praia da Rocha, Portimão) é outro dos fortes candidatos à Estrela mais almejada do mundo da cozinha. João Oliveira não é um estreante. O chefe tem carreira feita no Largo do Paço, Yeatman e o Restaurante Vila Joya. Senhor de uma cozinha criativa e sofisticada, inspirada na cozinha nacional e mediterrânica. Um restaurante que em 2015 já foi apontado como um sério candidato.
De destinos meridionais para setentrionais, mais concretamente no Solar do Vinho do Porto, em Vila Nova de Gaia, não espantaria se os inspetores do guia Michelin deixassem a sua Estrela ligada ao restaurante Antiqvvm (Rua de Entre Quintas, 220). Na cozinha o chefe Vítor Matos que define a sua cozinha alicerçada em quatro pilares: “Influências, que aqui se referem a um conjunto de memórias, das tradições e culturas enraizadas, da parte social. Sensorial que tem por base os sentidos, a influência das emoções, o próprio prazer no ato da confeção e pela cozinha como um todo. Tecnológica com expressão em novas técnicas e tendências. Os Produtos e as suas respetivas origens, da biodiversidade, da sazonalidade, dos regionalismos e respeito pelo ambiente”.
Outro elegível, a Casa de Chá da Boa Nova (Avenida da Liberdade, Leça da Palmeira) com a cozinha entregue ao chefe Rui Palma. Um espaço belíssimo, com assinatura do arquiteto Álvaro Siza Vieira. Rui Paula não esconde a sua vontade de alcançar a tão ambicionada Estrela. A carta, cujo lema assenta no mar, reflete a tradição local, sem esquecer os produtos da terra. Uma ementa com três menus de degustação que tira partido da qualidade do peixe e do marisco da região.
Lisboa:
Belcanto, chefe José Avillez (**);
Eleven, chefe Joachim Koerper;
Feitoria, chefe João Rodrigues;
Fortaleza do Guincho, chefe Miguel Rocha Vieira (Cascais);
Porto:
Largo do Paço, Chef André Silva (Amarante);
Pedro Lemos, Chef Pedro Lemos;
The Yeatman, Chef Ricardo Costa (VN Gaia) (**);
Algarve:
Bon Bon, chefe Rui Silvestre (Carvoeiro);
Henrique Leis, chefe Henrique Leis (Almancil);
Ocean Restaurant, chefe Hans Neuner (Porches) (**);
São Gabriel, chefe Leonel Pereira (Almancil);
Vila Joya, chefe Dieter Koschina (Albufeira);
Willie’s, chefe Willie Wurger (Vilamoura);
Madeira:
Il Gallo d’Oro, chefe Benoît Sinton (Funchal).
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