Segundo um alerta da Sociedade Portuguesa de Neurologia, a crise está a deixar os portugueses mais gordos, dado o aumento do consumo de alimentos mais económicos e, por vezes, mais calóricos, por parte das famílias, o que provoca um crescimento da obesidade e de problemas respiratórios durante o sono.

Mas, comer bem e de forma equilibrada não é necessariamente caro, como se pensa tantas vezes, e erradamente. É possível ter uma excelente alimentação, a preços acessíveis, e até recorrendo mais à utilização de produtos nacionais, o que também ajuda a desenvolver a economia nacional. E este mito combate-se com informação e imaginação.

Segundo a Associação Portuguesa dos Nutricionistas, a prática de uma alimentação mediterrânica apresenta inúmeros benefícios para a saúde, entre os quais a prevenção da depressão, a proteção de doenças cardiovasculares e a defesa contra doenças crónicas como a Obesidade e a Hipertensão Arterial.

O regresso à cozinha tradicional portuguesa é uma excelente solução para a alimentação em tempos de crise, dada a sua simplicidade, economia, variedade e equilíbrio, integrando diversos pratos ricos em ómega 3, como caldeiradas, conservas ou caldos de peixe. A costa portuguesa é rica em várias espécies de pescado, nomeadamente a sardinha, o carapau e a cavala, vendidas a preços muito acessíveis.

Para além das receitas mais tradicionais, é possível inovar na cozinha e preparar refeições sofisticadas e surpreendentes para toda a família, a preços muito acessíveis.

Há várias organizações e sites a darem boas ideias, e há pouco tempo foi lançado o projecto “O Mar à sua mesa - Receitas a baixo custo”, com receitas de baixo custo, nutritivas e de preparação fácil, que permitem uma alimentação saudável em época de crise económica.

As receitas apresentadas, criadas pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, têm um custo inferior a 1,50 euros por pessoa. Além disso, a Associação Portuguesa dos Nutricionistas apresenta também sugestões de receitas a baixo custo no seu website.

Temos que trabalhar em conjunto para que a crise interfira o menos possível com a saúde dos portugueses. E a base de uma vida saudável é também uma alimentação equilibrada, que está mais acessível do que parece à primeira vista.

Helena Ávila 

Nutricionista

Presidente da Direção da Associação Portuguesa dos Nutricionistas