A L'Oreal, proprietária da The Body Shop, anunciou, em junho, que estava em negociações com a empresa de cosméticos brasileira Natura, que ofereceu mil milhões de euros para comprar a marca e criar uma gigante de cosméticos ecológicos.

A transação foi concluída a 26 de junho e ficou em suspenso, aguardando a aprovação de autoridades reguladoras do Brasil e dos Estados Unidos.

Em comunicado oficial, o Cade apontou que ambas empresas têm estrutura própria de distribuição no país, trabalham com matérias-primas de diferentes regiões - a Natura só usa ingredientes nacionais, enquanto a The Body Shop recorre a distribuidores asiáticos -, além de terem públicos bem distintos - os preços da marca britânica são de 25% a 400% mais caros que os da nacional.

"Nesse cenário mais amplo, do mercado total de vendas de cosméticos no Brasil, não haveria preocupações concorrenciais, dado que a participação de mercado conjunta das duas empresas após a operação seria inferior a 20%", diz o texto.

Segundo a análise do Cade, o único segmento em que as duas dividem mais de 20% do mercado é o dos perfumes. Contudo, o órgão afirma que a Natura já domina a maior parcela desse mercado, portanto o acréscimo da Body Shop seria "insignificante".

Nesta terça, as ações ordinárias da Natura registaram a segunda pior queda do dia na Bovespa, com um recuo de 3,05%.

Fundada em 1969  e com entrada na Bolsa em 2004, a Natura é a principal empresa de cosméticos do país, com um volume de negócios de 6,7 mil milhões de euros no ano passado.

A The Body Shop, por sua vez, foi fundada em 1976 pela empresária inglesa Anita Roddick, pioneira dos produtos cosméticos ecológicos. A L'Oréal comprou a marca em 2006 quando estava no auge do seu sucesso.