Ainda não se falava em green beauty, sustentabilidade ou beleza natural e esses termos não faziam parte de qualquer vocabulário quando Andreas Wilfinger e Ulla Wannemacher mostraram-se preocupados depois de ler a lista de ingredientes de uma pasta de dentes que o filho tinha trazido do Jardim de Infância como oferta.

Ao pesquisarem mais sobre o assunto tiraram as suas conclusões e decidiram contribuir de alguma forma para a resolução daquilo que consideravam um problema. Foi em 1996 que nasceu a Ringana, uma marca austríaca de cosmética natural, em colaboração com uma equipa composta por médicos holísticos e bioquímicos, depois de anos de estudo.

Os fundadores da Ringana, Andreas Wilfinger e Ulla Wannemacher
Os fundadores Andreas Wilfinger e Ulla Wannemacher. créditos: Ringana

Produtos frescos, ingredientes puros e prazos de validade

Ao nos explicarem a filosofia e o modo de atuação da marca, há elementos que se destacam e que podemos considerar fora do comum. O primeiro é o facto de estarmos a falar de produtos frescos, num paralelismo daquilo que vemos nos frescos do supermercado. “O que nos mantém jovens durante mais tempo é o que perde efeito mais rapidamente”, explica a marca. Isto porque ao falarmos de algo fresco e que facilmente oxida com o passar do tempo, obriga a que os produtos da Ringana venham com uma data de validade, como se estivéssemos a comprar um iogurte.

Para os fundadores são premissas simples: ingredientes frescos, sem uso de químicos, que além de serem naturais para a pele, têm ainda uma lógica de sustentabilidade e funcionam de uma forma muito diferente dos demais por terem uma data de validade.

“A nossa frescura significa muito mais do que a palavra em si. Tudo o que esteja relacionado com isso significa juventude, pureza. Assim como os legumes e a fruta que compramos no supermercado têm de ser frescos e acabados de colher, assim são os nossos produtos”, explicava Andreas Wilfinger numa apresentação à imprensa que aconteceu em Madrid, no início de junho.

“Nós não usamos uma série de ingredientes, mesmos aqueles que são considerados naturais como água ou óleos essenciais, que podem oxidar, nem ingredientes que não precisamos para a nossa pele e que são apenas importantes para a estabilidade do produto”, justifica.

E como é possível trabalhar o produto desta forma? “Nós funcionamos de maneira diferente. Fazemos pequenos stocks para manter a qualidade do produto”, explica Andreas. Dado o controlo rigoroso que têm, a Ringana teve necessidade de evoluir de um laboratório para um centro de produção e investigação, em St. Johann in der Haide, em Estíria, apelidado de Ringana Campus.

Olhando para o mundo da cosmética, a filosofia da Ringana é completamente diferente daquilo a que estamos habituados ou não fosse um dos claims da marca “não seguimos tendências, criamo-las”. “Durante muito tempo fomos uma companhia de apenas uma mulher e um homem sós. Demorámos anos a ter colaboradores. Hoje em dia somos perto de 600, mas os primeiros anos foram muito desafiadores, tivemos de fazer tudo por nossa conta, desde o packaging ao design, às formulações”, partilha o fundador. O próprio afirma: “há 27 anos, a cosmética natural era algo muito exótico”.

Outro marco importante na história da Ringana foi a criação de uma loja online, em 1999, numa altura em que a internet era um lugar muito diferente daquele que conhecemos hoje.

“Quando começámos as pessoas faziam encomendas por telefone ou por fax e como tínhamos poucos recursos financeiros para investir em publicidade tivemos de encontrar uma alternativa”, afirma. Essa forma de comercialização é mantida até aos dias de hoje. Não é possível encontrar produtos em lojas físicas e se por um lado, pode dificultar a comercialização pois não há forma de experimentar antes, por outro há uma razão para manterem o negócio desta forma: evita-se o desperdício e acima de tudo, garante-se a qualidade do produto.

Os principais mercados da marca neste momento são a Alemanha, Espanha, Suíça e Itália, sendo que Portugal também começa a destacar-se. No total são 34 os países, na Europa, ondem podemos encomendar um dos 64 produtos da Ringana, que se dividem em seis categorias: fresh, packs, caps, drinks, sport e complete.

Sustentabilidade e economia circular: o que vai, volta vezes sem conta

Assumindo-se desde a sua fundação como uma marca verde, a grande revolução deu-se em 2018 quando lançaram no mercado novos frascos, de vidro, que podiam ser reutilizados, graças ao doseador “Airless”, sendo pioneiros nesta forma de trabalhar. Já antes, em 2011, as embalagens ecológicas da Ringana tinham sido galardoadas com o prémio Luxe Pack Monaco por serem feitas à base de cana-de-açúcar e sem petróleo.

Assim, os consumidores de Ringana, no fim de vida do produto, podem reencaminhar as embalagens para a fábrica para refil e como bónus ganham um produto extra à escolha. Na opinião de Andreas é uma forma de recompensar o esforço dos seus clientes.

“A sustentabilidade é composta por várias partes, chamamos-lhe mosaico”, explica Andreas. O principal objetivo enquanto empresa é serem mais eficientes energeticamente e continuar a melhorar o packaging dos produtos.

Apesar de assumir que a investigação é um dos principais eixos da marca, a verdade é que têm mais ideia do que aquelas que acabam por concretizar. “Não lançamos produtos novos todos os anos. Nem é esse o objetivo”, resume o fundador.

O ano de 2023 traz consigo uma novidade, o lançamento de uma linha infantil composta por quatro produtos: Fresh baby bum cream, Fresh baby body & hair wash, Fresh baby oil e Fresh baby bum foam.

No final, Andreas Wilfinger deixa uma sugestão: “Peguem nos produtos, vejam a sua composição e investiguem cada ingrediente. A partir daí façam a escolha certa. E nem tem de ser a Ringana”.

O SAPO Lifestyle viajou até Madrid a convite da Ringana.