Ter o peito demasiado grande é um problema que afecta a saúde física e psicológica de muitas mulheres. Além de complicações a nível da coluna, pode ser motivo para uma baixa autoestima. A intervenção cirúrgica para reduzir o peito chama-se mamoplastia de redução e é uma cirurgia muito procurada em Portugal. Francisco Melo, cirurgião plástico, refere que, apesar de menos mediática, é mais frequente do que as cirurgias de aumento.

Alguns dos motivos que levam as mulheres a procurar uma redução são:

- Dores nas costas

A coluna tenta compensar o excesso de peso e a pressão que o peito faz para a frente e os músculos e os ossos acabam por se ressentir.

- Complexo psicológico

Para além do facto de chamaram a atenção, as mulheres sentem-se muito frustradas por não encontrarem roupa do seu tamanho. No período estival, a impossibilidade de usar biquíni, por causa do seu decote generoso, também interfere com o seu psicológico.

- Vida condicionada

Outras razões incluem a dificuldade em ter uma vida normal, como praticar certos desportos ou executar outras tarefas. A mulher que procura a consulta por ter excesso de peso no peito costuma, para além disso, tê-lo descaído, o que sobrecarrega a musculatura vertebral.

Uma decisão que exige consenso e validação

Costuma chegar-se a ele depois de um consenso entre a assessoria do cirurgião e a vontade da mulher que quer reduzir o peito. É essencial que o especialista insista com a paciente que o tamanho inicial da redução mamária evolui, ficando com um tamanho final ainda menor.

Em oito ou 10 anos, muitas mulheres que reduzem o peito acabam por implantar próteses mamárias. A ideia é colocar a saúde em primeiro lugar, sobretudo a das costas, que é a que mais costuma sofrer com um peito grande, e criar uma harmonia corporal. O que se procura é, acima de tudo, a harmonia e a estética.

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Como se processa a cirurgia

A mamoplastia de redução consiste em eliminar o excesso de pele e de glândula mamária, realizando uma excisão que varia de acordo com as características da paciente. «Existem variadíssimas técnicas, sendo necessário o cirurgião estar familiarizado com elas porque as condicionantes para a utilização de cada uma dependem do caso em apreço, nomeadamente do volume a reduzir, da qualidade de pele, da consistência da mama, do tipo morfológico, existência de assimetrias marcadas, entre outros fatores», explica o cirurgião plástico.

As técnicas mais usadas:

- Cicatriz em T

Realiza-se uma incisão em forma de T invertido que permite extrair o excesso de pele, gordura e tecido mamário. Depois recoloca-se a aréola e o mamilo.

- Cicatriz vertical

Dispensa o corte pelo sulco submamário, evitando essa cicatriz. O especialista acrescenta que a «evolução destas técnicas está em tentar obter um bom resultado com cicatrizes escondidas e o mais curtas possível sem comprometer a forma e a posição da mama, mantendo a sensibilidade do mamilo e a capacidade funcional da mama», refere.

Como se deve preparar para a cirurgia

Estes são alguns dos cuidados e precauções a ter:

- Assegure-se que tem toda a informação nas suas mãos. Nenhuma pergunta deve ficar por fazer.

- Informe o seu médico de todos os seus hábitos, nomeadamente se fuma, se toma medicamentos e se pensa em engravidar. Geralmente não se recomenda esta intervenção a mulheres que queiram dar de mamar em breve. Mas, consoante a técnica cirúrgica, esta função pode ser preservada.

- Explique as suas expetativas de forma franca, para que o cirurgião lhe apresente as alternativas disponíveis, com os riscos e limitações de cada uma.

- Ser-lhe-à pedida uma ecografia, um estudo mamográfico e dar-lhe-ão uma lista de passos que deve seguir no pré-operatório, nomeadamente fazer jejum durante pelo menos seis horas antes da intervenção ou não tomar fármacos que interfiram na coagulação, como o ácido acetilsalicílico, por exemplo.

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Como se processa o pós-operatório

«Depois da intervenção sente-se, geralmente, um alívio das dores nas costas. De início a mama está inchada (edema) e tensa. Não é um procedimento que cause dor e, caso exista, é facilmente aliviada com analgésicos comuns. O complexo areólo-mamilar muda de forma e de posição podendo, ainda que transitoriamente, afectar a sensibilidade do mamilo», adverte Francisco Melo. Esta operação custa, em média, cerca de 5.000 €.

Texto: Madalena Alçada Baptista com Francisco Melo (cirurgião plástico)