Os fabricantes procuram colorantes naturais que oferecem efeitos multifuncionais adicionais a bases, batons, coloração de cabelo, e a outros cosméticos onde a cor é um factor importante.

O uso de corantes naturais começou há milhares de anos, entre os antigos egípcios, na China e na Índia. Até à metade do século XIX, os corantes naturais eram essencialmente extraídos do reino animal e vegetal, que ofereciam todos os recursos para a sua obtenção, tendo um papel socioeconómico muito importante a nível mundial.

No entanto, com o desenvolvimento do primeiro corante sintético em 1856, os corantes naturais foram rapidamente substituídos, devido ao baixo custo decorrente da produção destas novas fórmulas.

Entretanto, nos últimos anos, e embora a maioria dos corantes sintéticos sejam classificados como seguros, os consumidores estão cada vez mais interessados em produtos de origem natural, que causem menores danos à saúde. Por isso, ultimamente a indústria dos cosméticos tem aumentado o uso de corantes naturais.

Importância das cores
As cores sempre exerceram um fascínio sobre a humanidade. Por toda a história, corantes e pigmentos foram objecto de actividades comerciais. Hoje existem cerca de 8 mil compostos diferentes: substâncias que podem ser tanto orgânicas como inorgânicas.

São elas que dão cor aos nossos cosméticos, roupas, acessórios, materiais de construção, etc. Muitos corantes naturais utilizados na antiguidade ainda são empregues em larga escala. Exemplos disso são o índigo, um pigmento azul extraído da planta homónima (indigofera tinctoria), a alizarina, um corante extraído da raiz de uma planta europeia (madder), a henna, muito utilizada na indústria de cosméticos, entre outras.

Pigmentos provenientes de plantas tais como as anticianinas e os carotenóides validaram cientificamente os seus benefícios antioxidantes e anti-inflamatórios. Historicamente, os pigmentos de plantas como as anticianinas da beterraba, os carotenóides dos pimentos e açafrão e a clorofila das folhas verdes, foram usados para colorir alimentos e cosméticos, durante séculos.

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Os cosméticos e os artigos de beleza estão relacionados essencialmente com as cores. Trata-se de um segmento que está atento às modificações de comportamento, de cultura e de tendências. Elas são ingredientes importantes para instigar sensações e permitir que os cosméticos e os demais produtos de beleza ajudem a elevar a auto-estima dos clientes que os usam.

Através da cor, os produtos constroem a sua linguagem e a sua identidade. Em produtos como os perfumes, que muitas vezes são incolores, a cor é adicionada para transmitir uma mensagem relacionada com a fragrância predominante ou a sensação que se pretende provocar. Para garantir a estabilidade, os perfumistas evitam pigmentos que mudam de tonalidade sob a acção da luz ou de outro condicionante químico ou físico.

A cor assume, em tudo à nossa volta, um poder inigualável. Algumas evidências científicas sugerem que algumas cores afectam directamente o sistema nervoso. Cada um de nós responde à cor de uma forma particular, tendendo a sermos atraídos por certas cores, em virtude de alguns factores determinantes. As cores têm influências nos nossos componentes físicos, mentais e emocionais!

Pigmentos da natureza
Muitos dos produtos que dão cor aos cosméticos são geralmente pigmentos ou tintas de plantas com uma história de uso humano seguro. Oferecendo benefícios muito para além das suas propriedades corantes, estes extractos ajudam na imagem dos cosméticos e nas suas propriedades e consequente eficácia.

Embora haja uma grande quantidade de pigmentos provenientes de fontes minerais e animais, as plantas/árvores são fontes importantes para obtenção de corantes e pigmentos, os quais podem ser encontrados em ramos, raízes, folhas, flores, cascas, etc.

Podemos destacar algumas alternativas naturais aos corantes sintéticos para o uso criativo de cosméticos como por exemplo a henna, a camomila, o pau-brasil, o sândalo vermelho, entre outros. Conheça melhor estes corantes e as suas aplicações terapêuticas e de coloração natural.

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Henna

O uso da pasta de henna para pintar a pele e o cabelo é muito conhecido. A substância activa da coloração na henna é a lawsonia inermis. Proveniente da casca e das folhas secas, o corante tem uma cor castanho-avermelhada e é comercializado pela indústria de cosméticos.

O pó extraído da folha desta árvore originária do Norte de África e da Índia (lawsonia inermis linné) pode fazer muito pela cor dos cabelos e não só. A concentração da folha de lawsonia varia de acordo com o clima e as circunstâncias em que se desenvolve.

É utilizada como agente de coloração de cosméticos há mais de três mil anos. A lawsonia é amplamente utilizada na cosmetologia pelas suas propriedades de tingimento, principalmente para pintar cabelos e unhas, como tinta para tatuagens provisórias e na decoração tradicional dos pés e das mãos de alguns povos.

Aplicações tópicas tradicionais
Os ervanários utilizam as folhas da henna para acalmar as febres e as dores de cabeça e como adstringente para tratar picadas de insecto, queimaduras menores, inflamações e irritações na pele.

Na área dos cosméticos ela é usada extensamente como um agente de coloração. As suas propriedades adstringentes beneficiam os cosméticos, muito para além da sua acção de colorir.

Contra-indicações
A reacção alérgica a esta substância é rara. No entanto, a dermatite de contacto é a reacção alérgica mais comum relatada. Ela é o resultado da hipersensibilidade após o contacto com substâncias que provocam alergias.

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Pau-brasil
Também conhecido como ibirapitanga, pau-vermelho, ibirapiranga, arabutã, brasileto, araboretam, pau-de-pernambuco, o nome científico do pau-brasil é: caesalpinia echinata lam. leguminosae. Encontra-se nas matas costeiras (Mata Atlântica), do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. A sua madeira é pesada, dura e muito resistente. É empregue actualmente apenas na confecção de arcos de violinos.

Além do pigmento vermelho intenso extraído do cerne e conhecido como brasileína, utilizado como corante e tinta de escrever, o pau-brasil também foi muito utilizado na construção naval e civil e em trabalhos de marcenaria de luxo.

Existe uma árvore muito semelhante ao pau-brasil, dir-se-ia da mesma família: a caesalpina sappang, originária da Sumatra, que também é muito conhecida pelas suas propriedades de tingimento desde há vários séculos, por também ela ter o pigmento vermelho a brasileína.

Esta árvore possui propriedades medicinais, entre as quais se destacam a sua acção antibacteriana e anticoagulante. Ela é usada tradicionalmente na ayurvéda no tratamento tópico de feridas e de úlceras.

O extracto de caesalpina sappang pode ser usado como uma cor natural em formulações cosméticas com os benefícios protectores adicionais antibacterianos e o seu efeito potencial anti-idade.

Por ter uma acção antibacteriana forte o extracto pode ser ainda incorporado para preservar a integridade das formulações dos cosméticos. Ele favorece a cor brilhante e o valor estético aos géis de banho, e a cor aos cosméticos. A propriedade da mudança da cor amarela ao vermelho com pH pode ser usada vantajosamente para produzir batons e outros cosméticos coloridos.

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Sândalo vermelho

O sândalo vermelho, igualmente conhecida como a madeira de rubi, é usado como um ingrediente na medicina ayurvédica como adstringente, tratamento de desordens gástricas e para melhorar a saúde da pele.

Quando incluído em formulações cosméticas tradicionais, combinado por exemplo com açafrão-da-índia dá um esplendor saudável à pele. Ele é igualmente usado como pó-de-talco tradicional.

O pó da madeira tem um aroma agradável e uma cor vermelha bonita. Tem um efeito calmante e estabilizador da mente, do corpo e do espírito, e é por isso utilizado há séculos para meditação pelos hindus e budistas tradicionais.

Pode ser usado como uma cor natural em várias preparações cosméticas com o benefício adicionado de ser antioxidante e ainda ter efeitos anti-inflamatórios e hepatoprotectores. Quando estável num meio alcalino, pode convenientemente ser usado em sabonetes pela sua cor rosa profunda. Pode ainda ser adicionado a batons e às composições cosméticas para dar cor e embelezar a pele.

Urucuzeiro

O seu fruto é o urucum também conhecido como colorau, açafroa, achicote ou achote. O Urucuzeiro é um arbusto tropical perene, que pode atingir de dois a seis metros de altura. É originário da América tropical, possivelmente do sudoeste da Amazónia e cresce espontaneamente, estendendo-se desde o México, ao Brasil e Argentina.

Do pericarpo da semente extrai-se um corante natural (pigmento constituído por vários carotenóides, predominando a bixina, a qual representa mais de 80% dos carotenóides totais presentes), que vem despertando o interesse da indústria de produtos cosméticos, farmacêuticos, têxteis e alimentares.

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Camomila

Trata-se de uma das ervas mais antigas que a humanidade já utilizou. O seu aroma despertou o interesse de alguns investigadore que acabaram por descobrir várias das propriedades que a tornaram tão famosa.

Os antigos egípcios tratavam uma doença semelhante à malária com o chá das suas flores.
A camomila pode ser usada das mais diversas formas: de uso caseiro, culinário, em aromaterapia, pois o seu óleo essencial é sedativo e anti-fúngico, entre outros.

As suas partes mais usadas são as flores e as folhas e, para além de produzir um chá calmante e digestivo, suaviza a pele e embeleza os cabelos. A camomila é vulgarmente utilizada para clarear o cabelo. A planta actua progressivamente nos pigmentos capilares de forma a atribuir ao cabelo um tom mais claro, chegando mesmo ao louro natural.

Ela é igualmente muito utilizada em cremes, devido à sua acção suavizadora da pele. Em determinados casos, a camomila actua na pele atribuindo-lhe luminosidade e retirando o seu ar seco e envelhecido.

Texto: Stela Martins

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