Um dos avanços de que se tem falado bastante na última década é a utilização de células estaminais no campo da estética. Este procedimento, que consiste basicamente em reproduzir tecidos e órgãos novos a partir de uma célula extraída de um tecido ou de um órgão semelhante, não é novo. Já se aplica há bastante tempo em medicina com resultados, nalguns casos, espetaculares, como sublinham muitos especialistas.

As perspetivas da aplicação de células estaminais na cirurgia estética e reparadora focam-se em torno de três objetivos, o aumento de peito (incluindo o campo da reconstrução mamária), o tratamento das rugas e o rejuvenescimento facial. Relativamente ao aumento de peito, um grupo de especialistas japoneses levou a cabo a primeira intervenção de reconstrução mamária através de células estaminais.

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Essas estruturas orgânicas foram obtidas da gordura extraída numa lipoaspiração, devidamente tratada e, posteriormente, injetadas na paciente. Entre 2004 e 2009, cerca de 40 mulheres foram tratadas com sucesso com esta técnica, que, segundo os especialistas, tem poucos efeitos secundários.

A vantagem deste procedimento é que as células estaminais não só potenciam o crescimento de novas células gordas como também dos vasos sanguíneos necessários para nutrir o novo tecido mamário.

Será que estes novos avanços vão substituir os implantes atuais?

A Universidade de Illinois, nos EUA, por sua vez, levou a cabo, no final da década de 2000, uma investigação semelhante, cultivando as células estaminais numa espécie de molde especial para conseguir que cresçam com uma forma específica, parecida com a de uma mama. Será que estes novos avanços vão substituir os implantes atuais? Essa é, provavelmente, a questão que se está neste momento a colocar.

Os cirurgiões japoneses acreditavam, na altura, que, num prazo de cinco anos, estes seriam uma alternativa mais do que viável a outras formas de intervenção, permitindo fazer reconstruções quase perfeitas. Outros especialistas mostraram-se, então, mais cautelosos, garantindo que ainda era preciso realizar mais investigações. Uma década depois do debate, são reconhecidos alguns avanços mas a generalização está longe de ser real.

A opinião de um cirurgião plástico português

Na Europa, Karl Georg Heinrich, um cirurgião austríaco, foi o primeiro a recorrer a esta terapia que já aplica no seu instituto em Viena. De acordo com o especialista, o aumento de peito obtido com células estaminais proporciona um volume muito natural, não através de implantes mas de tecido vivo, com a diferença, ainda, dos resultados serem para toda a vida. Uma posição que, ainda hoje, mantém.

Na altura, foi mais longe, assegurando que, futuramente, a técnica poderá ser aplicada noutras partes do corpo, como as nádegas, as ancas, as coxas ou a barriga das pernas. De acordo com o cirurgião plástico português Joaquim Seixas Martins "em áreas muito visíveis como a face, as células estaminais são geralmente transportadas na gordura, o que permite não só aumentar o volume como melhorar a qualidade da pele".

Texto: Madalena Alçada Baptista