Que cada filho é diferente já sabemos. Mas será que a ordem do nascimento influencia a personalidade de cada um quando a atenção investida pelos pais também difere consoante essa mesma ordem? Talvez seja esta a razão para que os filhos do meio tenham direito a um dia específico do ano dedicado a eles, pois são os que nunca chegam a ter a atenção dos pais que o mais velho tem, nem o mimo e a condescendência de que beneficia o mais novo.

O Dia do Filho do Meio é celebrado a 12 de agosto. E estereótipos à parte, algumas características poderão mesmo estar associadas a estes, bem como certos comportamentos que poderão ser justificados pela vivência dos próprios dadas as circunstâncias de ser o filho do meio.

São vários os rótulos que se vão atribuindo a cada irmão consoante a ordem do nascimento. Socialmente, o irmão mais velho é tido como o responsável e dotado de toda a atenção dos pais por ser o primeiro filho, o mais novo como o protagonista e o centro das atenções, já o irmão do meio não detém propriamente uma definição e poderá tornar-se no mais imprevisível de todos.

São eles que precisam de lutar para conquistar o seu espaço no seio familiar e disputar a atenção dos pais, pois sentem-se colocados em segundo plano pelos adultos. Algo que não deverá ser completamente considerado um aspeto negativo, pois com espaço para se desenvolverem, poderão amadurecer mais rápido e, consequentemente, serem capazes de lidar melhor com as futuras adversidades.

Com o nascimento do filho mais novo, é compreensível que o filho do meio desenvolva sentimentos de insignificância, baixa autoestima e, por vezes, a sentirem-se menos amados do que os seus irmãos. Emoções que os levam a adotar certos tipos de comportamentos como a competição pela atenção dos pais, o isolamento em relação à família e a adoção de sentimentos de frustração por não corresponderem às expectativas.

No entanto, esta é uma posição que também detém as suas vantagens. Costumam ser mais sociais e a valorizar mais os amigos, que veem como uma extensão da própria família; são bastante observadores; não discutem tanto com os restantes irmãos e assumem o papel do “mais diplomático”; são independentes e autónomos e possuem uma menor dependência dos pais quanto à resolução de problemas; adaptam-se facilmente a qualquer situação e são ótimos a negociar (o mais velho exige, o mais novo suplica, já o do meio negoceia).

Com isto, é importante que os pais repensem na forma como se dedicam a cada um dos seus filhos. Dividir a atenção por todos é certamente bastante complicado, mas revela-se essencial a adoção de certos comportamentos que previnam os filhos de sentir carências devido à ordem por que nasceram.

Devem evitar interferir nas discussões entre os filhos, para não parecer que estão a tomar partidos; evitar comparações já que são todos diferentes entre si, tanto na aparência, como na personalidade, e de modo a não deixar que um deles se sinta insuficiente perante o padrão estabelecido pelos progenitores; e dar abertura para que sejam ouvidos.

É normal que a dedicação a um filho que acabou de nascer não seja a mesma dada aos restantes que já estão crescidos e desenvolvidos, e provavelmente essa atenção também nunca será igualmente dividida, mas a consciência das figuras parentais quanto à distribuição de afetos e atenções por todos já é meio caminho andado para ninguém sair prejudicado, nem beneficiado em excesso, quanto aos restantes membros da família.