Esta é uma das conclusões da equipa da OCDE que tentou perceber porque é que existe um grupo de estudantes com fracos resultados académicos e como é possível ajudá-los a ter sucesso, tendo por base os resultados de milhares de alunos de 15 anos de 64 países que realizaram os testes PISA (Programme for International Student Assessment).

Comparando os resultados dos estudantes que não fazem TPC´s com os que dedicam entre uma a oito horas semanais, os investigadores acreditam que uma das chaves do sucesso académico pode estar nesta tarefa: “os estudantes que gastam seis horas semanais a fazer trabalhos de casa têm 70% menos de hipóteses de terem uma má performance quando comparados com os que não fazem trabalhos de casa”, lê-se no relatório.

O estudo “Estudantes com baixo rendimento: Porque ficam para trás e como ajudá-los a ter êxito” apresenta medidas educativas que podem ajudar a melhorar o resultado dos alunos e traça o perfil daquele que considera ser um estudante em risco.

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Segundo a OCDE, uma rapariga de origens socioeconómicas desfavorecidas, que vive numa família monoparental numa zona rural e que não teve direito a educação pré-escolar são algumas das características de risco.

Uma jovem imigrante, que já reprovou e frequenta uma formação técnico-profissional são outros dos traços de perfil desenhado pela equipa da OCDE.

É perante estas características que o relatório aponta algumas políticas que poderão ajudar a romper o ciclo de baixos resultados académicos.

Oferecer medidas de apoio suplementar a quem precisa o mais cedo possível, promover a participação dos encarregados de educação e de comunidades locais, identificar os alunos com baixos resultados e criar intervenções adaptadas às suas necessidades são algumas das medidas defendidas no relatório.

A OCDE defende ainda que se deve criar um ambiente exigente nos centros escolares que apoie os alunos e que sejam oferecidos programas especiais para os imigrantes, que falem idiomas minoritários ou que vivam em zonas rurais.

Apostar na educação pré-escolar e limitar a criação de agrupamentos de alunos tendo em conta as suas competências são outras das medidas que os países devem ter em conta.

O relatório indica ainda que os alunos com fracos resultados académicos são menos confiantes e estão menos motivados, acabando por faltar mais às aulas ou a dias completos de escola.

As escolas que juntam de forma equitativa alunos favorecidos e desfavorecidos tendem a beneficiar os estudantes mais carenciados sem prejudicar os melhores, revela ainda o estudo.

“Os sistemas que distribuem de maneira equitativa entre as escolas tanto os recursos educativos como os alunos poderiam beneficiar os alunos com rendimentos mais baixos sem prejudicar os alunos destacados”, lê-se no relatório.

A OCDE lembra que o baixo rendimento na escola tem consequências a longo prazo tanto para as pessoas como para os países: os alunos com baixos rendimentos aos 15 anos têm muito mais probabilidades de abandonar os estudos.

O estudo aponta Portugal como um dos países - juntamente com a Bélgica, Luxemburgo e Espanha - com as mais altas taxas de reprovação, defendendo que "deveriam reconsiderar as suas políticas neste aspeto".