O projeto surgiu de "um esforço por parte de um conjunto de associações, centros e professores para reviver o ensino as línguas e culturas clássicas", sendo que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) vai disponibilizar, na página da Direção-Geral da Educação, "os elementos que facilitem à escola a escolha dessa disciplina", no âmbito da oferta de escola, para além da elaboração "de novas metas curriculares para o ensino do latim no secundário", explicou Nuno Crato.

"O papel do ministério é facilitar as coisas", permitindo que "os professores, que assim o entendam," possam ter a disciplina de língua e culturas clássicas como opção, sublinhou.

A implementação do projeto "é possível devido à grande flexibilidade curricular", considerando o ministério que esta é "uma das disciplinas que merecem ser oferecidas", aclarou Nuno Crato, que falava aos jornalistas à margem do seminário "Projeto de reintrodução das línguas e cultura clássicas no sistema educativo português", organizado pelo Centro de Formação de Associação de Escolas Nova Ágora e pelo Centro de Formação de Associação de Escolas Minerva.

Segundo o ministro, os elementos que irão ficar disponibilizados na página do ministério dão ainda a possibilidade de que "os professores, desde o básico, passem a ter uma referência mais sistemática à cultura grega e latina".

Durante o seminário, o ministro da Educação frisou que vão estar disponibilizados "os instrumentos necessários para reforçar o ensino do latim e mais tarde, certamente o estudo do grego", considerando que "há um futuro a construir".

Para Nuno Crato, a introdução deste projeto permite aos alunos saírem "mais bem preparados e mais cultos", não podendo os jovens do século XXI "esquecer a matriz da nossa civilização".

Durante o seminário, a diretora do Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, Cristina Pimentel, salientou que, com este projeto, "dá-se um passo", após uma "quase ausência das línguas clássicas no básico, secundário e superior", que se tinha vindo a acentuar.

Na quinta-feira, a associação dos diretores das escolas considerou não haver professores em número suficiente para lecionar latim e grego, enquanto os pais defenderam que há outras áreas prioritárias na educação face ao ensino das línguas clássicas.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Adalmiro Botelho da Fonseca, considerou que "as escolas não vão ter capacidade" para integrar no seu projeto educativo, no próximo ano letivo, uma componente de culturas clássicas, porque "há muito pouca gente capaz de lecionar línguas clássicas".

Por seu turno, o presidente da Confederação Nacional de Associação de Pais (CONFAP), João Ascensão, considerou que existem aéreas na educação que deviam ser intervencionadas antes de se apostar no ensino de línguas clássicas, como o latim e o grego.