Os resultados deste estudo vão permitir fornecer aos decisores políticos "novos instrumentos para entender melhor esta geração", "como se aproximam das autoridades públicas" e "como se envolvem, material e simbolicamente, para moldar os regimes governamentais sob os quais vivem", disse à Lusa a investigadora Isabel Menezes.

Nas várias tarefas deste estudo, que inclui Portugal, Itália, República Checa, Alemanha, Suécia e Estónia, estão envolvidos 16 professores e cerca de mil jovens de cada país, divididos em diferentes grupos, com idades compreendidas entre os 16 e os 26 anos.

De acordo com a docente da FPCEUP, um dos grandes desafios da União Europeia é, atualmente, colmatar a lacuna entre os jovens europeus e as suas instituições, melhorando o diálogo, reforçando a confiança e o seu empenhamento ativo.

A inclusão das perspectivas dos jovens "é essencial para assegurar a continuidade da democracia participativa e representativa", referiu, acrescentando que "o discurso de que a política só é feita por especialistas, exclui, inevitavelmente, os jovens".

"Temos pouco este culto de um espaço de debate, de discussão. É qualquer coisa que falta e que acaba por contribuir para este discurso que os jovens não se interessam por estas questões", defendeu.

O projeto CATCH-EyoU surge no seguimento de um estudo anterior, no qual os investigadores verificaram que existe "uma visão sobre o défice da participação juvenil nas questões europeias, que é muito ilusória, e um discurso não só enganoso como enganado, no sentido em que os jovens têm hoje uma imensa diversidade de experiências de participação, embora sejam mais a nível local".

Este estudo surge assim centrado nas questões da identidade e da cidadania europeia. "Interessa-nos perceber em que medida os jovens se reconhecem como cidadãos europeus e, simultaneamente, se faz sentido para os jovens colocar os problemas cívicos e políticos a um nível não apenas local e nacional mas também europeu".

Nesta iniciativa é também estudado o papel dos media europeus na formação da opinião dos jovens, tentando os investigadores perceber, nos diversos países, como aparecem, nos jornais 'online' (mais orientados para o público jovem) e nos convencionais, as questões relativas à União Europeia.

Outra componente deste estudo passa por verificar a figura da escola neste processo, através de uma avaliação de manuais escolares de História, de Inglês, de Ciências Sociais ou de Educação para a Cidadania (quando estas existem no currículo), de forma a perceber se estes apresentam informações sobre a Europa e se exploram temas associados às instituições europeias.

Prevê-se que o projeto, financiado pelo programa Horizonte2020 e iniciado em setembro de 2015, finalize em agosto de 2018, culminando nessa altura com uma visita dos jovens envolvidos no estudo a Bruxelas.

Neste momento, vão iniciar as intervenções nas escolas dos diversos países envolvidos no projeto, onde uma turma por instituição "vai identificar um problema concreto da sua comunidade e tentar perceber os seus contornos e como este se pode articular numa perspetiva europeia".

"O nosso objetivo é que as várias escolas participantes comuniquem umas com as outras para preparar o seminário final do projeto, em Bruxelas, em que os jovens vão apresentar as suas reivindicações a representantes da comissão", concluiu Isabel Menezes.