A Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) é contra a redução das doses da vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), pois considera que os dados do estudo que sustenta esta diminuição são pouco consistentes.

 

A presidente da SPG, Fernanda Águas, revelou à agência Lusa que «o estudo em que se baseiam as notícias tem uma casuística pequena e avalia apenas a resposta imunitária, não permitindo tirar qualquer ilação quanto à efetiva prevenção da doença».

 

Em causa está um estudo publicado na revista Cancer Prevention Research, que indicou que uma única dose de vacina contra o HPV, que é responsável por 70 por cento dos cancros do colo do útero, poderá ser suficiente para fornecer uma imunidade de longa duração.

 

«Estes resultados põem em causa as recomendações atuais de que a vacina contra o HPV requer múltiplas doses para gerar uma resposta imune duradoura», afirmaram os autores do estudo.

 

De acordo com Fernanda Águas, a administração de três doses da vacina «é fundamentada em estudos de grande dimensão efetuados ao longo de vários anos e que comprovam a eficácia da vacina relativamente ao objetivo final que é a redução da doença».

 

«Face aos conhecimentos atuais, a SPG não vislumbra qualquer razão para alterar as recomendações, nacionais e internacionais, expressas no seu consenso sobre a vacina contra o HPV, publicadas em 2010, e aconselha a que se devem continuar a administrar as três doses da vacina», sublinha.

 

De acordo com a especialista, a vacina contra o HPV «é o maior avanço científico e de saúde pública na prevenção do cancro genital», além de que, em Portugal, os níveis de adesão das jovens a esta vacina são dos mais elevados do mundo e citados como exemplo a seguir por outros países.

 

 

Maria João Pratt

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