“Acho que vai crescer ainda mais, porque agora o governo chinês está a promover a divulgação das línguas minoritárias – digamos assim – embora o português já não o seja assim tanto. Por exemplo, estamos a ver um empenho no sentido de mandar alunos ou de atribuir bolsas de estudo” para quem quer aprender português, italiano, grego ou holandês, observou, à margem da Conferência Internacional sobre Ensino e Aprendizagem de Português como Língua Estrangeira, que decorre na Universidade de Macau.

Apesar disso, a professora que recebeu, no ano passado, a insígnia de Comendador da Ordem de Mérito das mãos do embaixador de Portugal na China, em nome do Presidente da República, não constata um aumento muito expressivo na Universidade de Estudos Estrangeiros de Xangai.

“Em comparação com os anos anteriores não estamos a notar um crescimento muito grande”, mas isso, ressalva, pode também ter uma outra explicação: o controlo do número de estudantes admitidos.

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O número é menor, “mas de boa qualidade”, realçou a docente da Universidade de Estudos Estrangeiros de Xangai, onde a oferta inclui licenciatura e mestrado, frequentada atualmente, no seu conjunto, por um universo superior a 90 alunos.

Para Xu Yixing existem “bastantes desafios” para quem ensina português como língua estrangeira na China.

“Estamos a enfrentar novos desafios com o aparecimento, a cada dia, de mais instituições de ensino de língua portuguesa para os aprendentes chineses. Agora, na China já há mais de 30 instituições que têm o curso de licenciatura em português ou como [disciplina de] opção”, afirmou.

Neste sentido, “o mais importante” passa pela “colaboração entre todos os docentes que ensinam português na China”, destacou, dizendo que em face de grande número de universidades é preciso controlar a qualidade.

"Também queremos desenvolver ainda mais cooperação entre a China e os países de língua portuguesa”, realçou, dando conta de que a Universidade de Estudos Estrangeiros de Xangai “está a desenvolver uma relação muito positiva de cooperação com instituições portuguesas e brasileiras”.

“Também não queremos deixar os outros colegas de lado e estamos a tentar compartilhar as informações e tentar organizar melhor a ida dos alunos para o estrangeiro”, salientou Xu Yixing, cuja universidade enviou no ano passado 22 alunos, com bolsas de estudo do governo chinês, para Portugal e Brasil.

A lecionar há mais de duas décadas, a docente reconhece que a economia continua a ser um dos “fatores mais importantes” para quem decide aprender português na China, mas fala de casos de alunos que manifestam outros interesses como o “futebol” ou a “cultura do café”.

Já para o vice-diretor da Faculdade de Espanhol e Português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, Ye Zhiliang, o ensino do português na China tem “vários desafios”, mas existe um “problema crónico”: a falta de manuais didáticos.

“Felizmente, nos últimos anos têm sido produzidos vários, tanto no continente [interior da China] como aqui em Macau. E, às vezes também podemos aproveitar os manuais produzidos em Portugal e no Brasil. Só que, neste momento, os manuais publicados são mais dirigidos para os níveis mais básicos”, pelo que “para os níveis mais avançados" há ainda "muito a fazer”, observou. Defendeu também ser necessária maior “preparação” do corpo docente, atualmente “muito jovem”.

Na Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim a oferta também inclui licenciatura e mestrado. Este último conta, porém, no máximo, com três alunos por ano.

“É que na China o ensino nível de mestrado é um bocado diferente daqui. Normalmente um curso não tem muitos alunos para garantir a qualidade”, realçou.