Dentro de dois anos, a ESA lançará para o espaço o telescópio espacial CHEOPS e, como o satélite tem o tamanho de um pequeno automóvel, a agência espacial decidiu decorá-lo com três mil desenhos de crianças europeias, entre os oito e os 14 anos.
Este concurso contou com a participação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e do Planetário do Porto – Centro Ciência Viva, que recebeu 812 desenhos.
Os 88 desenhos portugueses sorteados podem ser vistos em http://tinyurl.com/CHEOPS-sorteados. Todos os outros concorrentes que não foram sorteados também estão disponíveis na internet na página http://tinyurl.com/CHEOPS-outros.
Durante os próximos seis meses, uma equipa da Universidade de Berna vai transformar os desenhos em miniaturas para poderem ser gravados em duas placas metálicas, que serão posteriormente acopladas ao CHEOPS antes do lançamento, que está previsto para a primavera de 2018.
O satélite CHEOPS é um telescópio espacial com 32 centímetros de diâmetro, que estará em órbita da Terra para observar planetas em torno de estrelas distantes.
Como o CHEOPS não consegue ver diretamente estes exoplanetas, terá de recorrer ao método dos trânsitos para os detetar.
"O Método dos Trânsitos consiste na medição da diminuição da luz de uma estrela, provocada pela passagem de um exoplaneta à frente dessa estrela (algo semelhante a um micro-eclipse). Através de um trânsito é possível determinar apenas o raio do planeta. Este método é complicado de usar, porque exige que o(s) planeta(s) e a estrela estejam exatamente alinhados com a linha de visão do observador. Como exemplo da dificuldade destas observações, seria como medir uma pequena diminuição da luz de um candeeiro, a 2 km de distância, e com isso tentar saber o tamanho e a cor das asas do mosquito que passou em frente à lâmpada", explicou o gabinete de comunicação do IA.
Segundo um dos investigadores portugueses envolvidos na missão, Sérgio Sousa, o CHEOPS “vai permitir caracterizar com uma precisão sem precedentes alguns dos exoplanetas descobertos mais interessantes. Os investigadores do IA participam no desenvolvimento da missão, estando mesmo responsáveis por parte da redução dos dados, além de terem também uma importante contribuição na equipa científica do CHEOPS".
Segundo o IA, esta será a maior participação técnica e científica de Portugal numa missão espacial do programa científico da ESA.
Para além de medições extremamente rigorosas do brilho das estrelas, será necessária uma complexa cadeia de cálculos, Made in Portugal pelo IA, até ser possível poder obter medições que permitam inferir a composição e habitabilidade desses planetas.
São 500 os alvos a serem observados e a missão durará apenas três anos e meio, uma limitação imposta pelo combustível.
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