A recolha de células estaminais nos bancos de sangue do cordão umbilical em Portugal tem diminuído, nos últimos anos, por força da “crise e consequente diminuição da natalidade”, disse hoje um responsável de uma empresa do setor.

 

"Tem havido uma diminuição sobretudo pela quebra da natalidade. Um dos efeitos secundários desta crise é a diminuição da natalidade e, nos últimos três anos, tem havido uma queda de cerca de 07 a 08% por ano na natalidade, o que é dramático em termos sociais para a sustentabilidade do país", disse à agência Lusa André Gomes, administrador da Crioestaminal.

 

De acordo com o responsável da empresa, instalada há cerca de 11 anos no parque tecnológico (Biocant) de Cantanhede, a diminuição da natalidade afeta, igualmente, a atividade dos bancos de sangue do cordão umbilical existentes "porque há menos nascimentos, logo há menos amostras para serem criopreservadas".

 

No entanto, André Gomes diz que o efeito da quebra da natalidade "tem sido contrariado" pela perceção que diz existir, seja na comunidade médica, seja nos pais das crianças, da "utilidade" do sangue do cordão umbilical.

 

"O aumento do número de ensaios clínicos que estão a decorrer com células estaminais e as evidências dos transplantes que vão sendo feitos, e neste momento já são mais de 30.000 em todo o mundo, cerca de 70 por cento nos últimos cinco anos, contraria o efeito da natalidade, da crise e da falta de poder de compra das famílias", alegou.

 

A atividade da empresa estende-se aos projetos de investigação - em parceria com instituições universitárias, de desenvolvimento tecnológico e unidades de saúde em Portugal - área onde a empresa investiu cerca de dois milhões de euros nos últimos três anos e vai investir uma quantia idêntica até 2017.

 

Nesse sentido, a empresa está a iniciar a expansão do laboratório de Cantanhede - onde estão armazenadas cerca de 50 mil amostras do sangue do cordão umbilical - "quer para aumentar a capacidade de processamento de células estaminais, quer para aumentar a capacidade de células armazenadas", ao longo de, pelo menos, 25 anos.

 

"O número de amostras armazenadas vai crescendo dia-a-dia e é necessário aumentar o espaço de armazenamento. É um investimento a longo prazo, quando a expansão estiver concluída seremos capazes de armazenar cerca de 300 mil amostras", frisou.

 

Lusa