Um estudo americano realizado com crianças - com idades compreendidas entre os 5 e os 12 anos - revela que os indivíduos criados em ambientes religiosos têm menos atos de generosidade para com o próximo do que aqueles que não têm qualquer ligação com a religião. Uma conclusão surpreendente uma vez que a generosidade e bondade são valores que fazem parte da educação religiosa que lhes foi incutida pelos pais.
“É importante destacar que as crianças mais altruístas vêm de famílias ateias e que não são religiosas”, refere o psicólogo, neurocientífico e autor do estudo Jean Decety ao jornal espanhol El País. “Espero que as pessoas comecem a entender que a religião não é uma garantia para a moralidade e que são conceitos diferentes.”
A explicação para esta atitude por parte de indivíduos religiosos reside no facto de uma vez que já cometem atos de generosidade dentro da sua paróquia e comunidade religiosa, isso exime-os de ter que proceder de igual forma com estranhos. “É uma falha mental particularmente interessante: ao fazer o bem […] desinibe-se o comportamento egoísta e ficamos propensos a tomar decisões imorais”, conclui Decety.
Outra parte curiosa desta pesquisa prende-se com o facto de as crianças religiosas serem mais intolerantes e condenarem mais severamente os atos de terceiros. O artigo publicado por Jean Decety vem assim refutar a investigação realizada por Azim Shariff que, em 2008, se debruçou sobre o mesmo tema. Relativamente ao novo estudo, Sharriff considera que este divulga “conclusões fascinantes” e que nos “obriga a repensar seriamente nas coisas”.
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