APAV lança nova campanha de sensibilização sobre crianças vítimas de crime

Entre 2000 e 2012 a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou um total de 8.274 processos de apoio de crianças e jovens vítimas de crime e de violência, que se traduziram num total de 13.438 factos criminosos.

 

“Sabemos que [este números] ainda são uma ponta do icebergue. Há muitas crianças que estão em silêncio e têm dificuldade em fazer valer os seus direitos e interesses e, naturalmente, tomar a iniciativa de pedir ajuda”, disse hoje à agência Lusa Helena Sampaio, da APAV.

 

Para alertar para esta situação, a APAV, através da sua rede nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da rede de voluntariado, tem procurado dar visibilidade à violência exercida contra as crianças e os jovens junto dos alunos nas escolas, alertando para as diferentes formas de violência e para a importância de denunciar e pedir ajuda.

 

Helena Sampaio adiantou que a maior parte das situações de vitimação ocorre em contexto familiar e que as crianças, por iniciativa própria, “não quebram o seu silêncio”.

 

“Há situações em que as crianças são expostas à violência e, contudo, há desconhecimento, há ausência de compreensão relativamente ao impacto da exposição em que as crianças são colocadas no contexto familiar e extra familiar relativamente às questões de violência”, sublinhou. “Daí que cada vez mais estarmos atentos e procurar dar visibilidade à violência exercida contra elas”, acrescentou.

 

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima pretende “não só apoiar situações em que as crianças são vítimas, mas também sensibilizar a sociedade civil para estas questões sociais no sentido de cada vez mais dar conhecimento, melhorar a compreensão e denunciar as situações, com os devidos cuidados, e pedir ajuda nos serviços.

 

No âmbito da nova campanha, a APAV espalhou por vários pontos da Grande Lisboa 20 cartazes que mostram a foto de uma criança, em que os olhos refletem a imagem de um adulto a levantar a mão, com a mensagem: “Muitas crianças veem de noite aquilo que ninguém quer ver de dia”.

 

A campanha será complementada com uma ação de rua no Largo do Chiado, no Dia Mundial da Criança, no sábado, em que serão projetadas imagens para sensibilizar a população para estas “questões sociais, em que as maiores vítimas são as crianças”, adiantou Helena Sampaio.

 

A evolução do número de casos de vítimas menores de idade foi oscilando ao longo dos últimos doze anos, atingindo o seu valor mais elevado em 2011 e 2012, ambos os anos com 887. O registo de processos de apoio nos últimos 12 anos significa um aumento de 167,2 por cento.

 

Na análise da tipologia dos crimes no período, num total de 1.891, mais de 600 referem-se a maus-tratos psíquicos, 252 a maus-tratos físicos e 198 a dano, ao passo que 121 se reportam a ameaças e a coação e 116 a furto.

 

Nos crimes sexuais, a APAV registou 1.481 contra crianças e jovens, com 2012 a sofrer um acréscimo considerável - de 90, em 2011, para 206, em 2012.

 

Lusa