Um novo relatório da UNICEF mostra que, se as tendências atuais continuarem, o mundo não vai alcançar o Objetivo 4 de Desenvolvimento do Milénio – reduzir a taxa de mortalidade em crianças menores de cinco anos em dois terços até 2015. Pior ainda, se as tendências atuais continuarem, o objetivo não será alcançado até 2028.

 

O custo da inação é alarmante: até 35 milhões de crianças podem morrer por causas evitáveis entre 2015 e 2028, se a comunidade internacional não tomar medidas imediatas para acelerar o progresso, refere a UNICEF.

 

Pneumonia, diarreia e malária continuam a ser as principais causas de mortes de crianças no mundo, ceifando a vida de cerca de 6 mil crianças menores de cinco anos por dia. A subnutrição contribui para quase metade de todas as mortes de menores de cinco anos.

 

O primeiro mês de vida é o mais precário para uma criança. Em 2012, cerca de três milhões de bebés morreram durante o primeiro mês de vida, principalmente por causas facilmente evitáveis. A inversão destas tendências devastadoras requer ação imediata em várias frentes, como está previsto nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio – reduzir a pobreza, reduzir a mortalidade materna, estimular a educação e a igualdade de género e promover a sustentabilidade ambiental.

As boas notícias do relatório

Mas o relatório apresenta muitos pontos de boas notícias. Isto demonstra que melhorias dramáticas na sobrevivência da criança são possíveis. Globalmente, o número anual de mortes de crianças menores de cinco anos caiu de 12,6 milhões em 1990 para cerca de 6,6 milhões em 2012. Ao longo dos últimos 22 anos, o mundo salvou cerca de noventa milhões de vidas que poderiam ter sido perdidas.

 

«Sim, deveríamos celebrar o progresso», disse Anthony Lake, director executivo da UNICEF. «Mas como podemos celebrar quando ainda há muito mais a fazer antes de atingirmos a meta? E nós podemos acelerar o progresso – sabemos como, mas precisamos agir com um sentido de urgência renovado», afirmou.

 

Até o momento, 176 governos assinaram o Compromisso com a Sobrevivência Infantil: Uma Promessa Renovada, lançado há pouco mais de um ano, prometendo acelerar o progresso nas taxas de sobrevivência das crianças. Centenas de pessoas da sociedade civil, de grupos religiosos e indivíduos particulares também prometeram apoio para o objetivo comum de dar a cada criança o melhor começo de vida possível.

 

O Relatório de Progresso 2013 sobre o Compromisso com a Sobrevivência Infantil analisa as tendências da mortalidade infantil desde 1990, analisa as principais causas de morte de menores de cinco anos, e destaca os esforços nacionais e globais para salvar a vida das crianças.

 

Os progressos realizados até à data são fruto dos esforços coletivos de governos, da sociedade civil e do setor privado, bem como do aumento das intervenções baseadas na evidência acessíveis, tais como redes mosquiteiras tratados com inseticidas, medicamentos, vacinas, amamentação adequada, suplementos nutricionais e alimentos terapêuticos, tratamento da diarreia com reidratação e melhoria do acesso a água potável e saneamento básico, entre outros.

 

O relatório mostra fortes reduções de mortes infantis evitáveis em todas as regiões do mundo, e em todos os níveis de rendimentos nacionais, incluindo em países de baixos rendimentos. Na realidade, alguns dos países mais pobres do mundo têm tido os maiores resultados na sobrevivência infantil desde 1990, atingindo o Objetivo 4 de Desenvolvimento do Milénio para a redução da mortalidade infantil antes do prazo de 2015.

 

 

Maria João Pratt