As nossas crianças nascem num mundo cada vez mais acelerado e não tenho a certeza se biologicamente já estamos preparados para lidar com tanta informação. Mas sei que aprendermos a escolher, a focar, a tomar atenção e a encontrar a calma em nós, deixando a aceleração fora de cada um, podem ser algumas das aprendizagens importantes a realizarmos por forma a encontrarmos o desenvolvimento positivo e bem-estar no seio deste mundo moderno.

A ansiedade, o medo e a tensão são frequentes na vida de cada um e quando vividos recorrentemente conduzem a pessoa ao mal-estar e muitas vezes à doença.

No mundo atual, o relaxamento, a calma e a concentração tornam-se competências chave para trabalhar o nosso equilíbrio e o nosso bem-estar. As pessoas, homens e mulheres, que enfrentam o desafio de vir a ser pais, pela primeira vez ou não, não são exceção e, algumas vezes, trazem tensão e medos consigo.

Medo da gravidez

A ansiedade, a tensão e o medo podem afetar de forma significativa e adversa todo o processo de nascimento. Algumas pessoas conseguem ter tanto medo de ter um filho que chegam a evitar a gravidez (homens e mulheres podem sofrer de tokofobia).

Os estudos mostram que as crianças cujas mães passaram por situações de ansiedade e stress durante a gravidez, resultante da exposição à hormona de cortisol (hormona do stress) que afeta o sistema nervoso, apresentam uma maior vulnerabilidade a doenças psicológicas e médicas, mesmo passados 10 anos, (O’Connor, 2005).

Na nossa cultura, o nascimento transformou-se numa situação médica, clínica. Noutras culturas o nascimento é encarado como uma coisa natural, pelo que as pessoas crescem desenvolvendo expectativas positivas, sonhando com o nascimento, e esta atitude reflete-se no momento do parto e no pós parto, na mãe e na criança.

Em consequência os partos realizam-se sem medo e muitas vezes sem dor. Se as mulheres tiverem expectativas de sofrimento no parto, o seu corpo naturalmente vai-se defender, sentindo provavelmente sofrimento.

O que é o Hypnobirthing?

As técnicas de hipnose terão um papel importante na redução da ansiedade, na compreensão e desenvolvimento psicológico para o parto.

Com o Hypnobirthing, ou Parto sob Hipnose, previne-se o desenvolvimento positivo do parto, aprendem-se técnicas de relaxamento, respiração, condicionamento físico e mental que possibilitam uma experiência do parto tranquila, livre de medo e tensão, o que facilita o funcionamento natural do corpo no momento do nascimento do bebé.

Ensina-se a gestão de dor e tem o propósito de fortalecer a confiança da mãe e do parceiro(a) para que possam lidar com o parto em vez de o temer, permitindo alcançar um estado de relaxamento profundo, manter a perceção e o controlo de todo o processo, desenvolvendo uma atitude positiva. Assim se mudam expectativas sobre o parto e se relacionam mente e corpo de uma forma natural, calma e segura.

Com esta aprendizagem as mães vão para o parto calmas, confiantes e em sintonia com o seu corpo e com o seu bebé. Compreender e utilizar a hipnose em beneficio dos pais tanto no antes, como no durante e pós parto, potenciará experiências positivas, seguras confortáveis e mais fáceis.

Diferentes estudos científicos realizados nesta área demonstram que em grupos onde as mães realizaram hipnose durante a gestação: as mães reduzem significativamente a ansiedade e o stress e os seus bebés apresentam-se mais ativos à nascença; os bebés tendem a apresentar um índice de APGAR significativamente maior; o tempo de duração do parto é significativamente mais reduzido; a necessidade de uso de analgésicos durante o parto é significativamente mais reduzida; o número de partos espontâneos é aumentada, sem necessidade de cesariana, fórceps ou ventosas; e diminui significativamente a probabilidade das mães apresentarem depressões pós parto.

Pais calmos, em ambiente calmo, tranquilo e seguro, mães calmas, tranquilas e seguras, em sintonia com o seu corpo e com o seu bebé, permitirão que o seu bebé conheça a calma, a tranquilidade e a segurança logo à nascença.

As explicações são de Sandra Maria Silva, Psicoterapeuta e Hipnoterapeuta das Clínicas Viver