A entrada no jardim-de-infância é uma etapa importante e desperta em todas as crianças a magia de aprender. Aprender novas brincadeiras, aprender o nome dos colegas, aprender a socializar, a partilhar, a imaginar, a aprender regras, limites e permissões. Conhecem novos amigos, adultos cuidadores, novos espaços, brincadeiras, aprendem a respeitar o outro, os mais velhos, os momentos de silêncio, de escuta, aprendem músicas e muitas coisas novas. É normal que as crianças gostem da escola, elas são por natureza curiosas e têm muito interesse em aprender.

 

A escolha da escola

A escolha do jardim-de-infância e da escola é uma preocupação presente na maioria dos pais. É uma escolha importante para a vida dos seus filhos, sobretudo do seu bem-estar, da sua alegria e do seu sucesso – escolha difícil e por vezes angustiante de quem tem de fazer uma escolha e fica na dúvida se terá sido realmente a melhor opção. Descansem! Se não for, rapidamente os vossos filhos vos darão essa indicação de forma bem entendível.

 

A escolha da escola ou jardim-de-infância coloca grandes desafios aos pais e ponderações que dificultam a sua escolha: proximidade do local de trabalho, instalações, atividades extracurriculares, segurança, recursos humanos, transporte... Um emaranhado de equações e muitas contas de cabeça!

 

Significativamente, serão as pessoas que darão mais sentido às escolhas. São elas que podem fazer de uma pedreira um castelo, ou transformar um palácio numa ruína. São os professores, educadores, auxiliares, porteiros, vigilantes que serão os mestres na obra educativa dos seus filhos. Dedique-lhes especial atenção.

Os educadores e os professores

Os educadores têm a nobre tarefa de acolher a criança no seu primeiro contexto de aprendizagem mais formal. São eles que recebem de braços abertos as crianças risonhas, mas também as que fazem birra, choram e teimam em não querer deixar os pais. Os seus sorrisos contagiantes, a disponibilidade de fazer de princesa e, ao mesmo tempo, de bruxa má, despertam na criança a fantasia e o gosto por estar na sala, cheia de crianças com desafios diferentes, cabelos diferentes, nomes diferentes, culturas diferentes, que as tornam únicas e irrepetíveis.

 

Os professores do 1º ciclo têm o enorme desafio de iniciar as crianças nas aprendizagens formais. A eles cabe a honrosa tarefa de as ensinar a ler, a escrever e a contar, mas não só!

 

Têm o gigante desafio de tornar a sala de aula numa sala de estar. Num lugar ameno e estimulante para onde as crianças gostem de fugir de casa para lá. Aprender não é, na maior parte das vezes, divertido. As crianças precisam que os conhecimentos da escola não atropelem a sua sabedoria. Gostam que as escutem antes de lhes dar receitas, e pespegam-se a imaginar problemas onde os adultos só procuram soluções.

 

As crianças precisam de alguém em quem confiar o escurinho das suas inquietudes. É por isso que apreciam aqueles a quem confiam as suas dúvidas, livres do medo de não se perderem no caminho de volta. As crianças precisam de transformar cada pinguinho de matérias enfadonhas num «imaginar», cada vez que se passeiam na escola e que o encantamento que salta dos olhos de um professor lhes inunde a alma, sempre que as orienta e transforma uma mão-cheia de dúvidas no desafio do conhecimento.

O desencanto com a escola

Contudo, a magia e o gosto pela escola parece ir-se desvanecendo ao longo dos anos. Vai-se perdendo o encanto de aprender em função de um desempenho que se quer de excelência, reconhecido e muito visível. Quebram-se frequentemente entrelaçados de afetos e vivências para uniões de conhecimentos, muitos deles, para as crianças. Com pouco sentido.

 

Todos nós contamos pelos dedos de uma só mão os professores que realmente nos marcaram na nossa vida. Se refletirmos um pouco sobre o que nos lembramos desses professores, o mais normal é que nos recordemos da sua maneira de ser e estar e não da sua maneira de ensinar a tabuada, os pronomes ou os reis.

 

O modo de estar dos professores e dos educadores faz toda a diferença na forma como os alunos se envolvem e se encantam pela escola. É, sem dúvida, o professor/educador que faz a diferença! Não são as boas ou as más instalações, o muito ou pouco material disponível (embora importantes), mas são as relações humanas que marcam e contagiam as crianças.

 

São elas os mágicos com o poder de fazer desaparecer as naturais dificuldades de aprendizagem e fazer surgir a alegria e o sucesso individual. Aprender é um constante desequilíbrio que nos permite conhecer mais e mais, embora não seja fácil! É um desafio grande desconstruir a realidade imaginária das crianças para o concreto que as norteia.

 

Além da competência científica e pedagógica aprendida nas faculdades, os professores devem dominar a competência relacional e interpessoal. É o que faz a diferença. Cria o encanto pela aprendizagem, faz com que os alunos acreditem e previne-os desde cedo para as dificuldades de aprendizagem, que muitas vezes são originadas pelas dificuldades de ensino.

 

O bem-estar educativo dos miúdos é demasiado importante.

 

IDEIAS-CHAVE

* Tenha preocupação acrescida no ambiente escolar, não valorize apenas a beleza estética da escola ou o conjunto de atividades extra que promove ou mesmo os novos materiais disponíveis. De nada lhe valerão se a componente humana não for devidamente cuidada.

* Informe-se do número de alunos por turma, quais são e quantos são os auxiliares responsáveis – são eles que vigiarão os seus filhos.

* Relacione-se frequentemente com o educador e professor dos seus filhos: sejam aliados estratégicos de partilha de informações, preocupações e estratégias que em muito beneficiarão os seus filhos.

* Confie no trabalho da escola, mas esteja sempre em alerta. Confronte os professores com as suas dúvidas, inquietudes e preocupações. Deve estar plenamente tranquilo e confiante.

 

 

Adaptado por Maria João Pratt de Ensina o teu filho a estudar, de Renato Paiva (2012, A Esfera dos Livros).