A famosa personagem 'Cebolinha' das histórias da 'Turma da Mónica' de certa forma, reflete este problema da língua presa. Algumas crianças ao dialogar nascem com o mesmo problema que a personagem tem, ou seja trocam letras, como normalmente o Cebolinha trocava o 'R' pelo 'L' ao tentar falar, e este é, hoje em dia, um problema que passa por várias crianças.
Também chamada de anquiloglossia, a língua presa acontece quando a pequena membrana que fica abaixo da língua (conhecida popularmente como “freio”) é menor do que o normal, impedindo o órgão de se movimentar livremente. Quando a membrana está anexada ou muito próxima da ponta da língua, esta pode parecer bifurcada ou em forma de coração. No entanto, membranas que estão ligadas na parte de trás da língua podem deixá-la com uma aparência normal. Segundo a Association of Tongue-Tie Practitioners (USA) aproximadamente um em cada 10 bebês nasce com algum grau de língua presa. Mas apenas metade dessas crianças irá apresentar comprometimento significativo da fala.
Para além de trocar a letra R, quem possui este problema troca também as letras T,D,Z,S,N e L. Para que a situação não se agrave, é necessário que se realizem diagnósticos precoces e um tratamento adequado. Se o problema for tratado antecipadamente, irá ser evitado que a criança sofra de bullying e que não tenha problemas na sua socialização, nem na sua aprendizagem.
Já as causas podem variar de caso para caso. Pode acontecer devido a hereditariedade ou não. O que de facto acontece é que afeta o desenvolvimento da boca do bebé, a maneira como ele come e fala. Problemas de amamentação, higiene bucal e outras atividades normais, como comer um gelado de cone ou lamber os lábios podem tornar-se tarefas difíceis. Geralmente, numa criança mais velha que apresente este problema, existirá dificuldade em levantar a língua até aos dentes superiores, assim como colocá-la para fora.
Como conseguir detetar?
De acordo com alguns médicos, o problema pode ser detetado ainda na maternidade, através de exames próprios para verificar o problema. Exemplo disso é o 'teste da língua'. Esse exame, consiste em que o pediatra inspecione o freio antes do bebé ter alta do hospital. Se essa inspeção não for realizada nesse momento, poderá ser realizada mais tarde numa consulta com o pediatra.
Recurso à cirurgia?
Os especialistas confirmam que para um bom tratamento da criança com este problema, deverá consultar profissionais de clínica geral, pediatras, otorrinolaringologista, um dentista e um fonoaudiólogo. Se a criança possuir um freio mais curto que esteja associado à alteração da fala, uma pequena cirurgia ambulatória designada por 'frenectomia lingual', poderá ser necessária. A operação consiste em que o freio seja cortado pelo pediatra ou odontopediatra. Normalmente a cirurgia é simples, com um pós-operatório rápido e sem grandes dificuldades.
Tal procedimento não é obrigatório se houver muito apoio e estímulo à amamentação no peito (a mãe pode-se adaptar à maneira do bebé). Para além disso, o facto de mamar pode, a longo prazo, alongar o freio.
Uma frenectomia lingual pode ser realizada em adultos, para além das crianças. Apenas quanto mais cedo for realizada, melhor serão os resultados. Apesar da simplicidade da cirurgia, o problema pode não ficar resolvido em determinados casos. Se tal acontecer, será necessário um complemento de tratamento por um fonoaudiólogo.
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