"Nunca me perdi de mim mesma, sempre resisti, lutei", porque "na minha família eu tive uma vida muito dura, não tive pai (...) batalhei muito. E acredito que Deus, digamos assim, me ajudou muito", confessou a diva do cinema italiano esta terça-feira, durante a homenagem que lhe foi prestada no festival Lumière, em Lyon.

"Sempre fiz as coisas bem, da melhor maneira possível, como uma menina que vai à escola e que tem que fazer bem todas as suas tarefas. E pouco a pouco tornei-me alguém", analisou a atriz, acompanhada do filho, Edoardo Ponti.

Falou sobre a sua família e a vida ao lado de Carlo Ponti, produtor italiano, 22 anos mais velho do que ela e que descreve como "o homem da minha vida, aquele que realmente me compreendeu e me acompanhou".

Ao passar a pente fino a sua carreira, Loren revelou que quando Charlie Chaplin "bateu à minha porta, eu tremia por todos os lados". O fato de Chaplin lhe ter oferecido um papel no filme "A condessa de Hong Kong" "foi realmente mais valioso do que um Óscar".

Ao falar sobre Marlon Brando, foi vaga. "Era um grande ator, mas um pouco...não posso dizer tudo". Marcello Mastroianni, seu parceiro em inúmeros filmes, "era como se fosse da família". "Quando ele morreu, foi-se embora um pedaço de mim", disse.

Com muito sentido de humor, ao ser questionada se se considerava uma cinéfila, respondeu: "Só vou às estreias dos meus filmes", confessou a diva, levando a plateia ao delírio. "Estou envergonhada", brincou.

Ao falar dos seus filmes preferidos, cita "Um dia muito especial", de Ettore Scola e "Duas Mulheres", de Vittorio de Sica, que lhe rendeu o Óscar em 1962, o primeiro da sua carreira e também o primeiro atribuído a um filme estrangeiro. Dois filmes muito aclamados nos quais Sophia Loren incarna a mulher do povo.

Dando autógrafos de bom grado, Sophia Loren, que atualmente mora na Suíça e é presença rara nos eventos da sétima arte, saiu no meio de uma ovação pouco antes da estreia do filme de Vittorio de Sica.