As 243 páginas de Woman Who Work: Rewriting the Rules for Success (Mulheres que trabalham: reescrever as regras do sucesso), publicado pela editora Penguin, foram escritas por Ivanka Trump antes da eleição presidencial do pai, Donald Trump, equanto o prefácio ficou pronto antes da tomada de posse.

De forma a não alimentar acusações de conflito de interesses. a ex-modelo de 35 anos renunciou às funções que exercia na Trump Organization e na sua empresa de joias e roupas, apesar de ter mantido a remuneração salarial. A empresária já fez saber que uma parte do lucro da venda do livro irá para instituições de caridade e que não vai fazer promoção do mesmo.

O livro segue a mesma linha das suas redes sociais que são planeadas ao milímetro: conselhos para as mulheres que desejam conjugar, com sucesso, a carreira, os filhos e a vida pessoal. A decisão de começar, ou não, uma família, técnicas de entrevistas ou quais os hobbies a adotar  - o de Ivanka é a jardinagem - o são alguns dos temas abordados.

Woman Who Work: Rewriting the Rules for Success conta com inúmeras referências a outras mulheres de sucesso, como é o caso da apresentadora de televisão Oprah Winfrey ou da diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, passando pela editor in chief da Vogue Anna Wintour, que propôs a Ivanka um estágio na Vogue quando estudava na prestigiada Wharton School na Pensilvânia.

Em oposição ao discurso anti-imigração do governo Trump, Ivanka menciona também, com elogios, Umber Ahmad,  a glamourosa filha de imigrantes paquistaneses que lançou em Nova Iorque uma confeitaria de sucesso após trabalhar como banqueira.

Faz ainda uma homenagem à mãe, Ivana, primeira mulher de Trump, que lhe incutiu uma filosofia de vida ao encarnar perfeitamente o papel de "mulher multidimensional", capaz de "inspecionar meticulosamente" a construção de um novo hotel "usando saltos agulhas" numa altura em que as mulheres no setor imobiliário eram praticamente inexistentes.

Ivanka explica também que, durante muito tempo, teve dúvidas sobre se deveria ou não expôr a sua família nas redes sociais, o que faz hoje com um toque de autopromoção, porque temia principalmente perder "autoridade aos olhos de colegas e pares, num setor dominado pelos homens".

Gaba-se de ter tentado defender a causa feminina na empresa que criou, autorizando o uso flexível do tempo de trabalho, "dando o exemplo" ao levar os seus filhos para o escritório ou sair cedo para os ir buscar à escola.

Adeus às massagens

Os exemplos dados no livro mostram que Ivanka leva uma vida de princesa. Conta, por exemplo, como a filha almoçava com ela às quartas-feiras no escritório da Trump Tower, ao lado da sua residência pessoal localizada na Park Avenue. A menina tinha um escritório especialmente instalado para ela, com "guloseimas, jogos e lápis de cor".

Conta também que quando teve de viajar muito com o pai no fim da sua campanha eleitoral, foi obrigada a renunciar às massagens.

O livro quase não faz referência às amas ou às empregadas domésticas que a ajudam diariamente, mas Ivanka faz questão de lhes agradecer no final, assim como aos restantes membros da família.

A empresária, que pressionou o pai durante a campanha para que prometesse instaurar pela primeira vez nos Estados Unidos a licença de maternidade paga e uma ajuda financeira para o cuidado dos filhos, volta ao tema no final do livro.

"Devemos lutar para que isso mude, através da legislação ou nas empresas", escreve sem dar mais detalhes sobre o assunto.

Mesmo sem grande divulgação, o livro pode vir a ter muito sucesso devido ao interesse gerado em torno da filha do presidente. Recorde-se que o seu primeiro livro The Trump Card: Playing to Win in Work and Life, publicado em 2009, foi um sucesso de vendas.