Aos 48 anos, o ator Leonardo Vieira está a ser alvo de vários comentários homofóbicos nas redes sociais. Tudo porque foi publicada uma fotografia sua na qual o ator beija outro homem.

A imagem e os comentários proliferaram na internet e, esta segunda-feira, Leonardo Vieira garantiu que vai apresentar queixa na polícia – Delegação de Repressão a Crimes de Informática – do Rio de Janeiro contra todos os que o têm ofendido.

Numa carta aberta divulgada na imprensa brasileira, o ator que deu vida a Pedro da Maia na minissérie brasileira ‘Os Maias’ (baseada no romance do escritor português Eça de Queirós) lamenta que em pleno século XXI o Brasil ainda seja um país “cheio de preconceitos”, lamentando ainda mais que a homofobia seja um deles.

“Revelar-se homossexual não é fácil para ninguém e acredito que seja ainda mais difícil para uma pessoa pública. Sempre achei ‘assumir’ um termo demasiado pesado. Assume-se um crime, um delito, um erro e uma falta grave. Será que estou errado em ser quem sou? Será que tenho alguma culpa para assumir? Nunca me senti criminoso ou culpado por ser homossexual. Sentiria-me assim se tivesse matado alguém ou roubado alguém ou a nação. O facto de ser gay nunca prejudicou o feriu alguém, a não ser a mim mesmo, e não escolhi ser gay”, lê-se na nota emitida pela sua assessoria de comunicação.

O ator revela ainda que a família, apesar de ser católica e conservadora, aceitou a sua homossexualidade e a única preocupação que tem atualmente, especialmente a mãe, é a de que Leonardo não seja feliz. Mas o ator garante que é feliz: “Tenho um trabalho que me realiza, amigos que me amam e uma família que me conhece de verdade e que me aceita como sou, sem hipocrisias”.

Na mesma missiva, que é longa, Leonardo Vieira garante ainda que a carta “não é um pedido de desculpa”.

“Não acho que deva pedir desculpa por ser gay. Pelo contrário: sempre tive orgulho de ser quem sou. Esta carta é um manifesto contra a homofobia. Descobri estupefacto que a homofobia não leva ninguém à cadeia. Este crime, que pode ser devastador na vida das pessoas, não tem defesa à altura. Algumas cometem suicídio e outras matam por simples preconceito, que, aliado à violência verbal, psicológica ou física, é uma das mazelas de nossa sociedade”, remata.