Já tinha saudades de estar em casa, bem próxima das suas filhas?
É isso mesmo, e elas também tinham muitas saudades. Estava desejosa de passar mais tempo em casa. Tenho dormido com as minhas filhas todos os dias. Estudam no meu quarto, estão sempre ao meu lado e deixam bem claro que não querem que eu saia de casa. E eu faço-lhes a vontade.
Tem aproveitado para passear?
Ainda não consegui fazer nada disso (NR - Esta entrevista foi feita antes da partida de Alexandra Lencastre para a gala dos prémios Emmy de televisão, em Nova Iorque) porque estabeleci algumas prioridades para agora. Tenho que tratar de algumas papeladas, dentistas...aquelas chatices que todos nós, infelizmente, temos que fazer de vez em quando. Deixei para esta altura porque tenho mesmo que resolver. Depois sim, gostava de tirar uns dias de férias, mas não sei se vou conseguir.
Algum destino especial?
Ainda não pensei nisso. Quero sair de Portugal para um país com calor. Nesta altura temos sempre saudades do sol. Apesar de Lisboa ficar muito bonita no Inverno, está frio e esta nostalgia não me faz bem.
Ansiosa com o próximo projecto na TVI?
Quero muito fazer essa novela. Vou voltar a trabalhar com o Paulo Pires e desta vez vamos ser inimigos, quer dizer, em "Meu Amor" nunca fomos amigos de facto. Vou-me vingar (risos)! Está para breve e daqui a nada começam a chover telefonemas para ensaios e mudanças de visual. Mas por agora vou fingir que não há nada e que Janeiro está muito longe...
Essa novela situa-se nos anos 80. Tem boas recordações dessa década?
Para mim foi uma década muito engraçada e marcante. Foi uma altura em que se usava muito uma coisa que agora está outra vez na moda: o estilo ‘vintage' e os ‘revivals' de tudo. À semelhança do que estamos a viver, também houve uma crise económica gravíssima na altura. Toda a alegria que se viveu, desde os ABBA aos Duran Duran, da música ao cinema e à televisão que se fazia, tinha o conceito de anti-crise incorporado.
Foi feliz nessa década de loucuras?
Claro. Principalmente porque era mais nova. Isso é inegável (risos).
Na peça "Um Eléctrico Chamado Desejo", que protagonizou no palco do D. Maria, houve uma grande transformação interior?
É verdade, a personagem de Blanche Dubois assim o obriga. É impossível passar por esta mulher sem marcas e cicatrizes. Qualquer actriz que a protagonize corre o risco de ficar ligeiramente deprimida mesmo durante a actuação. A Blanche Dubois ainda continua cá. Às vezes ainda paira como um fantasma e não me deixa dormir, mas isso acontece a todos os actores. Tenho que me despedir da personagem para não enlouquecer. Tenho que continuar a viver com alegria.
Nota-se que a Alexandra está mais elegante...
Acontece aos actores quando mantêm um elevado ritmo de trabalho. Cheguei a perder um quilo e meio por noite. Recuperei a forma e devo isso também à Blanche Dubois, que me fazia perder muitas calorias em cima do palco.
Está feliz?
Estou contente por estar a viver uma fase feliz da minha vida, perto das minhas filhas. Quando as pessoas andam no meio de um turbilhão, muito trabalho, às vezes gera-se um bocadinho de confusão, uma pessoa fica um pouco perdida quando as coisas correm menos bem. Sinto que estou no caminho certo. Com fé, perseverança, com coerência e com ajuda dos amigos, a nossa segunda melhor família, cá estamos de cabeça levantada e prontos para a próxima corrida.
Está ultrapassado o desgosto de amor?
A porta do amor ainda não está aberta. Com a idade, os lutos das relações tornam-se mais longos e é também mais difícil acreditar no amor. Mas não perdi a fé.