Sara Sampaio é uma das manequins portuguesas com maior sucesso internacional. Com o seu 1.72m de altura provou que está à altura do desafio e tem conseguido elevar o nome de Portugal além-fronteiras. Atualmente é um dos grandes nomes do mundo da moda, tendo feito campanhas para marcas como Victoria’s Secret, Blumarine, Armani Exchange, Replay e Lanidor ou capas para revistas como Vogue, Elle e Marie Claire. A sua beleza e dedicação valeram-lhe o Globo de Ouro de melhor modelo feminino. Agora é a nova cara da Calzedonia e promete que não irá parar por aqui.

Qual foi o momento-chave em que sentiu que tinha potencial para ser modelo?
Interessante essa pergunta… Nunca me fizeram e eu também não sei responder (risos)! Eu quando tentei iniciar a minha carreira ao participar no Concurso Pantene foi mais com o intuito de ser atriz. A carreira de modelo acabou por surgir por acaso e eu comecei a perceber que também gostava muito desta faceta e que ainda era mais fácil do que ser atriz porque nem precisava de decorar textos e falar! Mas agora estou completamente apaixonada por esta carreira e é mesmo isto que eu quero fazer.

E nunca pensou em conciliar os dois trabalhos e arriscar como atriz?
Não sei… mas no fundo eu acho que acabo por ser um pouco atriz em todas as produções que faço! Tenho trabalhos muito diferentes: nuns tenho de ser uma mulher mais velha e experiente, noutros uma menina, noutros tenho de encarnar uma personagem mais sexy… Por isso acabo por poder conciliar as duas coisas numa só.

Quando ingressou no mundo da moda nunca lhe passou pela cabeça que podia não conseguir ser tão bem sucedida por ser considerada baixa, para os parâmetros estipulados?
Eu nunca pensei nisso até começaram a fazer disso um bicho de sete cabeças… O problema nunca teve em mim até porque eu sempre me considerei alta no meu mundo! Para mim ter 1.72m era ser muito alta! No meu grupo de amigos era a mais alta, mas a verdade é que me ‘vim meter’ num mundo onde ter 1.80m é o normal! Mas cada vez se vê manequins baixas em desfiles… A própria Kate Moss é mais baixa do que eu… Em todas as coisas há uma exceção à regra, por isso acredito que se queremos muito uma coisa e lutarmos por ela, o facto de sermos a exceção não será impeditivo de realizar o nosso sonho!

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Sente-se um pouco como a Kate Moss portuguesa, no sentido em que está a quebrar barreiras e mentalidades e está a conseguir elevar o nome de Portugal com o seu sucesso internacional?
Eu gosto mais de pensar que sou a Sara Sampaio de Portugal (risos)! Mas claro que me sinto orgulhosa por estar a representar Portugal lá fora… Até porque as pessoas nunca imaginam que sou portuguesa e muitas vezes nem sabem onde é! Com o meu trabalho eu espero conseguir fazer com que mais pessoas consigam dizer onde fica Portugal no mapa!

É a cara da Lanidor, marca portuguesa! Sente que é importante estar ligada a marcas portuguesas?
Sem dúvida! É o meu país, onde cresci, onde os meus pais vivem… é de certo modo compensador representar uma marca do meu país e fazer com que essa marca seja conhecida no estrangeiro e ajudar a moda portuguesa a evoluir! Nós temos boas marcas, bons designers, bons modelos, que deviam ser melhor reconhecidos… Por isso eu tento sempre ao máximo fazer com que isso aconteça!

Então e porquê a decisão de mudar-se para Paris?
Eu neste momento já não vivo em Paris. Vou vivendo pelo mundo… (risos) Vivi em Paris quase 1 ano e decidi fazê-lo exatamente por ser a capital da moda! Eu decidi apostar mesmo na minha carreira e por isso essa decisão foi lógica: é o centro do mundo da moda, é onde se passa tudo e por isso era onde eu sentia que devia estar para não perder nenhuma oportunidade!

Sente que este é o seu momento?
Sem dúvida! E por isso é que faço tanta questão de o viver agora! Nunca sabemos o dia de amanhã, posso não ser tão bem sucedida, posso deixar de ser manequim por alguma razão… Não se sabe e por isso há que aproveitar o agora!

Foi por isso que decidiu abandonar o curso de matemática aplicada?
Sim! O curso é muito importante, sem dúvida, mas esta é a oportunidade da minha vida. A indústria da moda prima por uma beleza juvenil. Hoje tenho ar de menina e sou contratada por isso, mas talvez daqui a 3 anos já não seja assim, por isso decidi que não podia correr esse risco.

Mas pretende terminar o curso?
Não sei… Por enquanto não está nos meus planos porque a moda está a funcionar bem! Isto ainda é o começo e eu quero aproveitar até ao tutano (risos)… Ainda muitas coisas podem acontecer, por isso vamos ver!

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De tudo o que já aconteceu, qual o trabalho que lhe causou um nervoso mais miudinho?
Ser a cara da Calzedonia, por exemplo! Mas também a campanha que fiz para a Blumarine com a Adriana Lima e sei lá, várias capas de revistas importantes, editoriais,…

E o que é que lhe falta ainda concretizar?
Falta tanta coisa… Vogue Paris, Vogue Itália, Numéro, Interview, … podia ficar aqui para sempre a dar exemplos! Também quero muito fazer a campanha de grandes marcas, como Chanel, Prada, Gucci, … Tenho os sonhos grandes que toda a manequim devia ter pois é isso que nos faz continuar a sonhar e atingir os objetivos!

Como lida com a ausência da sua família e amigos?
É difícil claro, mas é compensador! Faz parte do meu trabalho…

Quanto tempo ficas longe de casa?
Por vezes dois, três meses… É complicado de gerir mas eu adoro o que faço! Todas as profissões têm as suas partes menos boas e temos de aguentar! Tenho muito o lema de: ‘Consegue um trabalho que ames e nunca vais ter de trabalhar um dia na tua vida’.

Agora é a nova cara da Calzedonia. O que sentiu quando foi convidada?
Eu nem sei explicar… São tantas as pessoas que me perguntam e eu continuo sem saber o que dizer! É um verdadeiro sonho e um orgulho! Ainda nem acredito… O meu primeiro bikini foi desta marca, por isso acho que faz todo o sentido, é de facto uma marca com que os portugueses se identificam. Eu identifico-me muito porque cresceu comigo!

Como foi a produção?
Foi um sonho! Fotografámos na Grécia e na Jamaica: na Grécia estava muito muito frio, acaba por ser complicado mas depois fomos até à Jamaica e soube bem trabalhar com aquele calor… Foi incrível!

Conte-nos o melhor e o pior da vida de uma modelo.
O pior é sem dúvida o jet lag, horas e horas em aeroportos a comer comida de plástico… O melhor são as oportunidades de conhecer locais e culturas incríveis e pessoas fantásticas relacionadas com o mundo da moda.

Considera-se ainda uma pessoa com os pés no chão?
Sim, sem dúvida! Podem não acreditar mas eu sou a pessoa mais simples do mundo… Adoro um bom bife com batatas fritas, adoro ser ainda a queridinha da mamã (ela ainda me liga todos os dias, esteja onde estiver). Gosto dessa normalidade… Sou apenas uma miúda de 20 anos a seguir o seu sonho e não podia ser mais feliz!

Por: Patrícia de Sá Oliveira

Fotografia: Sara Santiago Pires

11 de maio de 2012