O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.
Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Leia a história de Pedro Rolo Duarte.
O que é que o faz sorrir?
Pedro Rolo Duarte: Uma criança a brincar, uma criança com 3 anos que diz: ó pai, estou extraordinariamente feliz, o que é “extraordinariamente”? [risos]. O amor também me faz sorrir e a vida também.
São essas coisas que o fazem feliz?
Pedro Rolo Duarte: O amor é o motor da vida, muito mais do que a profissão, sem isso eu não ando, ou ando mal, devagar ou coxo. Sem ter amor pela vida é difícil concretizar os nossos sonhos, independentemente de quais eles sejam.
Utiliza o sorriso como ferramenta?
Pedro Rolo Duarte: Sim, acho que é um método de proximidade. É uma forma de dizer “sim” entre as pessoas, que a outra pessoa nos agrada, que estamos a gostar da companhia. Noto que as pessoas são muito sensíveis ao sorriso, no fundo manifestamos que gostamos de alguém através do sorriso.
Viveu alguma situação que lhe tenha tirado o sorriso?
Pedro Rolo Duarte: A morte do meu pai, tinha eu 23 anos, e a do meu irmão há 8 anos. Foram as maiores adversidades. A minha maior preocupação foi a minha mãe, porque perdeu o marido com quem era muito feliz e mais recentemente o meu irmão. Acho que foi mais difícil para a minha mãe ter perdido o filho mais recentemente, tinha outra idade, menor capacidade de resistência. Tive de colocar o sofrimento da minha mãe à frente do meu. Não podia estar triste, não havia tempo nem disponibilidade para isso, arrumei a minha tristeza num canto, no fundo tinha de cuidar dos que ficaram cá e acho que fiz bem.
Já escreveu sobre o seu divórcio. Também foi uma adversidade?
Pedro Rolo Duarte: Sim, afetou-me. Quando te casas a achar que é para a vida e depois acontece um divórcio, mesmo que desejado, é sempre uma adversidade, a maior parte das pessoas sofre com o divórcio, mas não é o fim do mundo, demora menos tempo a ultrapassar do que aquele que se espera.
No divórcio existe a ideia de que as mulheres é que andam a chorar e os homens andam felizes e livres, mas os homens também sofrem e existem poucos livros sobre isso e pensei: “já que estou a passar sobre isso, vou falar sobre isso”.
Pode ser um manual de auto-ajuda?
Pedro Rolo Duarte: Não, nem foi esse o objetivo. Recebi muitas cartas por causa desse livro, a maioria das cartas foram enviadas por mulheres que pensaram: “olha um homem que também sente como uma mulher”, porque passaram por situações em que os homens ou fingiam ou tinham a atitude de “está tudo bem”.
O que fez para recuperar o sorriso nessa altura?
Pedro Rolo Duarte: Agarrei-me mais aos amigos e ao trabalho. Fiz psicoterapia. Agarrei-me ao meu filho e ele é muito importante para mim, obrigava-me a sorrir e provocava sorrisos, é uma fonte de alegria.
Eu relativizo muito as coisas. O tempo obriga a isso. Aquilo que é um drama no momento que estamos a viver, deixa de ser quando o tempo passa e olhas à distância. A irritação que sentimos em situações que depois analisadas achamos ridículas. Se relativizássemos as coisas no momento em que elas acontecem, a vida era mais fácil, porque 90% das coisas que nos irritam são pequeninas. Às vezes envelhecemos gratuitamente. A maturidade também traz alguma capacidade de relativizar.
Terias mudado alguma coisa na tua vida?
Pedro Rolo Duarte: Não teria sido adulto tão cedo. Comecei a trabalhar com 17 anos, mas foi porque quis. Tudo o que fazemos tem a ver com as circunstancias e com a nossa idade, por isso eu podia dizer, “se soubesse o que sei hoje”, mas quando somos mais novos somos precipitados pela natureza dos factos. Por isso é difícil colocar-me na cabeça de quando tinha 20. O que faria de diferente é com aquilo que sei hoje e não com o que sabia na altura. Claro que tenho por exemplo decisões profissionais que tomei que foram erradas, não me arrependo de as ter tomado, mas fiz apostas erradas, acontece na vida. Se calhar, se soubesse que esta crise ia aparecer, não tinha sido tão “descontraído” nos anos 80 e 90.
O que lhe falta fazer?
Pedro Rolo Duarte: Casar outra vez, ter outro filho. Fazer mais viagens, escrever mais um livro.
Entrevista: Mafalda Agante
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