Jane Fonda em Portugal:

Jane Fonda. Um nome que é sinónimo de beleza e de elegância. Mas a verdade é que por detrás desta figura existe também uma ativista que em tempos tentou acabar com a Guerra do Vietname. Foi por achar que a sua ‘voz’ não tinha força suficiente que se tornou uma feminista ativa para descobrir qual o seu papel na sociedade.

“Quando me tornei ativista, mudei-me de França para os EUA para tentar acabar com a guerra no Vietname. E, na altura, conheci muitas feministas. E havia algo nelas, que era diferente. […] Quando comecei a vê-las em ação, pensei: “Acho que sou uma feminista”. Mas na altura estava casada e apesar de ganhar o meu dinheiro e não estar dependente de nenhum homem, a minha voz não se fazia ouvir. Eu pensava que se falasse livremente, que ele me iria abandonar”, revela a atriz. “Aos 62 anos fiquei solteira porque decidi que não queria morrer sem realmente perceber quem eu era enquanto mulher. E foi aí que me tornei uma feminista” revela em entrevista ao SAPO Lifestyle.

Já nesta altura era considerada um sex-symbol, graças ao filme ‘Babarella’ (1968). Mas apesar de se sentir lisonjeada com o estatuto, confessa que isso nunca foi muito importante.

“Nunca fui o tipo de mulher para quem os homens olhassem muito. Eu tenho um namorado e não estou à procura de mais homens. Mas há muitas mulheres que sofrem por os homens já não olharem para elas. Eu não, nunca gostei disso,” afirma.

Questionada sobre a obsessão que as mulheres têm em serem perfeitas e o peso que é dado à imagem nos dias que correm, a atriz de 78 anos responde:

“A noção de que todas temos de ter uma beleza clássica e que temos de ser de determinada maneira é sobrevalorizado. E se não formos assim sentimo-nos mal connosco próprias. O objetivo é sermos tão boas quanto pudermos ser. E sentirmo-nos o melhor possível. E isso nem sempre é fácil, é necessário trabalho. Para alcançar isso é necessário pensar muito. Não acontece de um dia para o outro. Temos de olhar para a vida de forma propositada e viver com a intenção de sermos autênticas.”

Cara da L’Oréal Paris e a personificação de envelhecimento saudável e ativo, Jane Fonda elogia a evolução dos produtos de beleza e atenção dada aos produtos naturais. “Eu gosto de trabalhar com esta marca porque eles não fazem testes em animais e prestam atenção às pessoas mais velhas. E adoro o slogan: “Porque tu mereces.” Nós, mulheres, merecemos ter os mesmos direitos salariais e as mulheres mais velhas também merecem serem tratadas com respeito.”

Ao mesmo tempo que defende a igualdade de géneros, faz questão de sublinhar que o sucesso não se alcança sem trabalho e dedicação. Compreende a importância da tecnologia e redes sociais no mundo da fama, mas deixa uma crítica:

“Eu não gosto da importância que é dada às celebridades. Acho ridículo. As pessoas não deviam tornar-se famosas por terem uma sex tape, mandarem fotos íntimas ou estarem envolvidas em escândalos. Claro que isto é muito idealístico, mas as pessoas deviam tornar-se célebres por mérito próprio e por fazerem algo que valha a pena. Algo que entretenha, que eduque ou que toque a vida das pessoas”, responde a atriz, delegando esse poder de decisão aos média, que aponta como uma ferramenta importante na sociedade. “Não devemos prestar atenção a coisas superficiais mas sim ao que realmente importa.”

Aos 78 anos, Jane Fonda desfruta da sua idade e sente-se bem com aquilo que vê ao espelho. E encara o envelhecimento como uma oportunidade, uma escolha para viver intensamente, cuidando sempre da sua imagem, beleza e bem estar.

“É importante que todas as pessoas prestem atenção à forma como se apresentam. E isso não quer dizer que toda a gente tenha de ser bonita. Mas significa ter bom aspeto, tomar conta de nós, da nossa pele, comer comida saudável, dar caminhadas, manter-se ativa e ser simpática. Ser uma pessoa com quem os outros gostem de estar, ser alguém que sabia perdoar e não faz julgamentos”, diz.

Mas então quando é que se Jane Fonda se sente realmente bonita? “Sinto-me bem quando estou no meio da natureza, a fazer caminhadas”, remata.