David Antunes (ao centro) numa cena do videoclipe da polémica

David Antunes, líder da “Midnight Band”, considera encerrado o caso do videoclipe da música “Hoje não estou p’ra ninguém”, que o Google decidiu proibir a menores de 18 anos, mas que já voltou ao Youtube sem quaisquer restrições, acompanhado de um pedido de desculpa pelo “erro”.

“Agora é seguir em frente”, diz David Antunes nesta entrevista ao Sapo Lifestyle.

David, com o videoclipe em primeiro lugar no iTunes e já com mais de 140 mil visualizações no Youtube, este é um caso para dizer que até a má publicidade acaba por ser boa?
Não sei bem se é assim. Na noite em que recebi a informação de que o videoclipe era considerado para maiores de 18 anos, por causa da imagem do (António) Raminhos, nem dormi. Receei que aquilo que para nós era uma brincadeira pudesse ser interpretado pelo nosso público como “o David agora passou-se e faz coisas meio pornográficas”. Nós temos sempre muitos miúdos nos concertos e os pais mandam-nos vídeos dos filhos a cantarem as nossas músicas e preocupou-me que pudessem ficar com uma imagem negativa da banda.

E agora? Já está tranquilo?
Sim, acho que as pessoas perceberam que tudo não passou de um “erro informático”. É seguir em frente.

Quando teve a ideia do videoclipe imaginou esta polémica?
Nada, só queria fazer uma coisa divertida, pôr um sorriso no rosto do pessoal naqueles dias em que acordamos do lado errado da cama… Não estava nada a prever isto. Até porque, tal como todos os videoclipes que lancei até agora, este também passou primeiro pelo crivo da família. Os meus pais, a minha avó, a minha mulher e as minhas filhas aprovaram tudo antes de ser posto no “ar”.

As filhas? Que idade têm as filhas?
Quatro e seis anos. Elas foram as últimas a ver o videoclipe antes de ser posto no ar e quando vi o sorriso no rosto delas percebi que tinha acertado. Já as tinha posto a ouvir a música no carro e percebi que elas começavam a cantar no segundo refrão, sinal de que entrava facilmente no ouvido, que era o que eu pretendia.

Portanto as filhas são a “censura máxima”?
São mesmo. Não lanço músicas sem elas ouvirem.

Há dois anos, numa entrevista que deu ao SapoFama, parecia acreditar que o tema que estava prestes a lançar (“Não te quero mais”) seria a canção da sua vida. Ainda pensa assim? Ou será que essa honra passou para “Tu és o meu final feliz” ou, agora, “Hoje não estou p’ra ninguém”?
Agora acho que não consigo responder a essa pergunta. Gosto muito de todas estas canções que tenho lançado. São temas mais maduros, mais pensados… Espero que marquem todas as pessoas quando as ouvirem e acho que já atingi o objetivo de deixar o meu nome na música portuguesa.

Já é conhecido para “além da sua rua”?
Mais ou menos. Às vezes, na rua, vejo as pessoas a olharem e a murmurarem, mas, francamente, acho que é mais aqui em Santarém (onde mora), porque de resto não sei. Ainda fico um bocadinho inibido quando os miúdos pedem para tirar uma foto comigo. Acho que não tenho importância suficiente para isso… Fico um bocado sem jeito.

Modéstia a mais?
Não, nada disso. Eu sempre quis fazer música, cantar, dar espetáculos e consegui fazer isso, consigo viver disso, o que me deixa muito feliz. Mas não me dou assim tanta importância.

Também é raro vermos entrevistas consigo. Tem alguma coisa contra aparecer?
Festas e eventos, não sou muito de ir. Não tem muito a ver comigo e também tenho sempre montes de coisas para fazer, não tenho muito tempo livre. Entrevistas dou, estou aqui (risos).

E para quando um CD? Este é o terceiro single de sucesso. Falta o CD…
O CD vai chegar, aliás tem de chegar, antes do verão. Está a ser preparado com calma, mas está tudo planeado para sair antes do verão. Os CD’s são cartões de visita muito caros, que raramente têm retorno financeiro que pague o investimento que se faz. Eu gosto do imediato, das plataformas digitais, do iTunes, da MEO Music, do Youtube…

Mas suponho que o público vos peça um CD?
Sim, pedem e é exatamente por isso que vamos gravá-lo. Mas será essencialmente para venda nos espetáculos, porque as pessoas quando vão ter connosco no final dos concertos nos perguntam por ele.

O David é, portanto, um homem das novas tecnologias?
Sou. Ao contrário de muita gente que diz que a internet veio acabar com o mercado da música, eu acho o contrário. Acho que é preciso aproveitar o avanço da tecnologia para chegar às pessoas. Acredito que daqui a uns anos ninguém tenha CD’s, as pessoas têm tudo no telefone, nos tablet, no computador… É mais prático, não ocupa espaço físico, é mas imediato. E cada vez mais as pessoas querem o imediato. É preciso aproveitar isso a nosso favor.

Ao que consta, os próximos concertos da “Midnight Band” vão ser muito especiais, com adereços novos em palco…
Vamos ter uma cama e brincar um bocadinho com a recriação do videoclipe de “Hoje não estou p’ra ninguém”. E quando tivermos convidados vamos convidá-los a desafiarem-me a sair da cama…

Podemos esperar ver o António Raminhos em versão Borat em palco?
Sabe-se lá… É esperar para ver. Podem esperar seguramente boa disposição, boa energia e muita música. O resto é surpresa.

Falando em convidados, uma característica da “Midnight Band” é convidar pessoas que não estaríamos à espera de ver nos vossos concertos, como a Simone de Oliveira, o Herman José, o Paulo de Carvalho, o FF… Como é que explica uma lista de convidados tão VIP?
Essencialmente acho que é uma forma de nos darmos a conhecer a um outro tipo de público mais velho e de os dar a conhecer a eles ao público mais jovem. O nosso público é muito jovem e com convidados como a Simone e o Paulo de Carvalho acabamos por ter também os pais em frente ao palco, porque vão atraídos pelo cantor que conhecem de sempre. E os filhos ficam também a conhecê-los. E porque é um privilégio partilhar o palco com pessoas que eu cresci a ouvir cantar. É acima de tudo um grande prazer tê-los ali.