A Associação SORRIR tem como missão promover e salientar a importância de sorrir para a saúde, não pela ausência de doença, mas enquanto bem-estar físico, mental e emocional.

O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.

Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Conheça a história de Ana Mesquita.

O quê é que a faz sorrir?

Ana Mesquita: Procuro as pessoas que me fazem rir. Não foi à toa que trabalhei um ano com o Herman José.
Acho que o sorriso é um escudo que eu encontrei desde miúda para tornar a realidade mais leve, sendo que eu a vejo muito pesada. Sempre fui muito observadora, aquilo que os brasileiros chamam de “uma pessoa antenada”. É como se eu fosse uma fábrica em que o que entra mau, tento que saia bom. Se o sorriso é difícil de usar, de ganhar e conservar, tal como acontece com a felicidade, a sorte e o amor, ele é sem dúvida o trabalho de um esforço de apaziguamento interior e de confiança em nós próprios. Por isso imagine que neste momento as minhas bochechas subiram, os olhos se rasgaram e ganharam brilho, as orelhas desceram ligeiramente, a boca abriu descobrindo os dentes de cima e o meu cérebro fez o favor de obrigar o corpo todo a descontrair.

Não há nada que a faça perder o sorriso?

Ana Mesquita: Há muitas coisas que me entristecem, mas eu não me entrego a isso. E como sou mulher, tenho o condão de limpar o disco rígido com as amigas. Acho que temos a capacidade de limpar os problemas ao verbalizarmos mais. Por isso não fico muito tempo a encucar coisas. Sou muito responsável por aquilo que me acontece. Não me entrego a tristezas.

Percebe-se isso, está sempre com um sorriso. É uma ferramenta para si?

Ana Mesquita: É. Como um escudo protetor e receptor. Uma espécie de boomerang.

Nasceu em Moçambique. Sente diferenças entre o sorriso dos portugueses e dos moçambicanos?

Ana Mesquita: É a diferença entre nascer e crescer numa terra em que se dança e canta a Marrabenta e noutra onde se ouve em silêncio, e bem quietinho, o fado. Como todo o respeito. Descubra as diferenças e diga-me quem pode ter mais tendência para sorrir?

Já passou por alguma adversidade?

Ana Mesquita: Muitas adversidades. Entre os 8 anos e os 12 mudei mais vezes de casa do que de pares de sapatos. Acho que isso me endureceu. Há aquela frase “o que não nos mata, torna-nos mais fortes. Aprendi a ver a realidade com as melhores lentes, ou seja, para não sofrer aprendi a ocupar muito o espírito, a mente e o físico. Houve uma época em que me agarrei à fé em mim. O nosso navio somos nós e o nosso melhor instrumento é o nosso corpo. A fé é um exercício, é como se fosse um músculo que se treina. A pessoa procura soluções com calma e tenta resolver as coisas sem magoar ninguém, sem se magoar. Sinto que sou uma privilegiada, porque com tudo o que me aconteceu, tenho uma família muito forte e muito cheia de recursos afectivos, o que é um airbag sensacional.