Brasil, Tunísia e Turquia são três destinos populares entre os candidatos à realização de cirurgias estéticas. Segundo dados da empresa de estudos de mercado Patients Beyond Borders, o setor do turismo médico, como também lhe chamam, regista um crescimento médio de 15% a 20%, muito por culpa dos preços. Nalguns países, as intervenções chegam a custar menos 40% a 80%, uma redução que se revela muito atrativa para muitos.
Na maioria dos casos, as operações plásticas realizam-se sem incidentes, mas a morte de uma britânica na Turquia, em agosto de 2018, alerta para a importância de saber fazer as melhores escolhas, garantindo que os procedimentos se realizam em estabelecimentos que oferecem garantias e são executados por profissionais de confiança, com méritos firmados. Leah Cambridge, 29 anos, achou que tinha tomado a melhor opção.
Apesar de ter elegido uma clínica que é (re)conhecida pelas celebridades internacionais que opera, a britânica, mãe de três crianças, acabou por não resistir a uma cirurgia de elevação dos glúteos, um procedimentos muito em voga, através do seu preenchimento com gordura retirada de várias partes do corpo, incluindo da região abdominal e das costas. "As pessoas têm de ser alertadas para os perigos", defende o marido, Scott Franks.
Estas viagens são mesmo compensadoras?
A fama de celebridades como Kim Kardashian, Kylie Jenner, Jennifer Lopez, Beyoncé e Nicki Minaj leva muitas mulheres, como foi o caso da britânica Leah Cambridge, a viajar para longe para retocar o corpo. Mas será que estas viagens são, de facto, compensadoras? Falámos com o cirurgião plástico português Joaquim Seixas Martins, para perceber até que ponto vale a pena sair do país para fazer uma operação plástica.
Conheça a opinião do especialista e, ainda, as características de duas das intervenções mais procuradas. Por questões financeiras, o Brasil é um dos países mais procurados para a realização de cirurgias plásticas e estéticas. Tal como em Portugal, as mais frequentes são a lipoaspiração e a mamoplastia de aumento. Com exceção de São Paulo e do Rio de Janeiro, os preços praticados são, à partida, bastante mais baixos.
"E essa é a única razão que leva as pessoas a procurar a cirurgia aí", assegura Joaquim Seixas Martins, cirurgião plástico. A Tunísia, tal como a Turquia, é outro destino que oferece preços reduzidos nesta área, havendo muitos cirurgiões franceses a trabalhar nesse país. "Podem até cobrar o mesmo que em França, mas o custo da equipa auxiliar e das clínicas é mais baixo", esclarece o especialista.
Vale a pena ser operado noutro país?
A Tailândia é outro dos países onde o número anual de operações plásticas continua a ser dos maiores do mundo, tal como os EUA e o Brasil, mas será que, só por isso, são melhores? "Em termos de qualidade, cirurgiões e técnicas utilizadas, Portugal apresenta as mesmas soluções que outros países", garante o cirurgião plástico português. No nordeste brasileiro, estas intervenções podem ser feitas a preços baixos.
No entanto, como realça Joaquim Seixas Martins, "é preciso ter em conta não só o preço, mas a qualidade do serviço". De acordo com o especialista, "a mesma lógica deve ser seguida na Tunísia, onde os preços são apelativos".
"É preciso, contudo, avaliar previamente as condições em que será feita a intervenção", alerta ainda. No caso de optar por fazer uma mamoplastia de aumento na Europa, Joaquim Seixas Martins deixa um outro conselho. "Assegure-se de que as próteses são certificadas com a marca CE", recomenda.
Apesar de serem raros os casos, a mamoplastia de aumento também pode ser feita em hospitais públicos. "O objetivo não é aumentar o peito, mas igualá-lo quando há, por exemplo, anomalias no seu desenvolvimento. Há outras deformações graves em que é necessário mexer na glândula mamária e, nessas situações, quando a patologia implica problemas na coluna ou outros, as pessoas têm prioridade".
"O tempo de espera nos hospitais públicos [nacionais] é, no máximo, de nove meses", refere o cirurgião. Noutros países, a demora é substancialmente menor mas, ainda assim, por questões financeiras, são muitos os que se deixam tentar pelos preços que países que apostam no turismo médico praticam. Nas últimas décadas, o número de pacotes disponibilizados, muitos deles comercializados online, aumentou consideravelmente.
Por que é que a lipoaspiração é uma das mais procuradas?
O objetivo é remover a gordura subcutânea e modelar o corpo. Os casos contraindicados prendem-se com a obesidade e/ou a flacidez cutânea. Os riscos aumentam com a associação de outras cirurgias de anestesia geral ou sedação, para modelar múltiplas zonas. Como a intervenção é mais demorada, o organismo é mais traumatizado e existe maior risco de ocorrer uma embolia pulmonar.
O pós-operatório é mais difícil e requer repouso quando há mais de uma área sujeita à intervenção. Os pacotes comercializados acabam por incluir internamento numa fase inicial e, nalguns casos, estadias preventivas em hotéis de luxo. Com anestesia local, a recuperação é mais rápida e, à exceção de dores na zona modelada, a pessoa pode fazer a vida normal rapidamente. O preço ronda os 1.000 € por zona.
Como se processa uma mamoplastia de aumento?
Aumentar o tamanho do peito e melhorar a forma com próteses que podem ser colocadas sob o músculo é o principal objetivo. A cirurgia é feita através da axila, à volta da aréola mamária ou por baixo do peito. Os casos contraindicados prendem-se, sobretudo, com mulheres com antecedentes familiares de cancro da mama e mulheres com historial de doença de múltiplos nódulos no peito, infeções ou cancro da mama.
Este procedimento cirurgico, que também figura na lista dos mais procurados, não deixa de envolver alguns riscos, nomeadamente a possibilidade de infeções, hemorragias e formação de tecido cicatricial à volta do implante. O pós-operatório envolve algum inchaço, dormência e alteração da sensibilidade do mamilo. O regresso ao trabalho pode ser feito entre cinco a sete dias depois. O preço varia entre os 4.600 € e 5.600 €.
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