Refiro-me às substâncias lícitas adictivas (ansioliticos, benzodiazepinas barbitúricos, anfetaminas, analgésicos, etc.), incluindo o álcool e as ilícitas (cocaína, heroína) e quais os factores que as motivam a pedir ajuda profissional e iniciarem a sua recuperação.
Por exemplo, para as mulheres alcoólicas, a vergonha e a negação são os obstáculos mais óbvios a ultrapassar.
A maioria das mulheres que se debatem com dependências não procura ajuda, porque não encontram urgência para receber apoio profissional (tratamento) e sentem-se envergonhadas e abafadas pelo seu problema.
Na nossa sociedade, a imagem do alcoólico está profundamente associado ao homem, nunca à mulher.
Aparenta existir um enorme estigma associado ao alcoolismo e/ou dependência das drogas na mulher.
Por vezes, o alcoolismo na mulher é utilizado em anedotas e brincadeiras ridículas. Parece não ser levado a serio.
Não procuram ajuda porque ficam ansiosas e com medo sobre aquilo que os seus amigos/as, membros de família, incluindo os filhos/as, colegas de trabalho possam pensar.
Em muitos casos, não sabem o suficiente sobre o conceito de doença associado às drogas adictivas (licitas e/ou ilícitas) incluindo o álcool.
Muitas mulheres combinam álcool com drogas lícitas. Estas combinações são altamente adictivas e perigosas (morte).
Segundo um estudo efectuado nos EUA, os principais factores associados ao consumo de bebidas alcoólicas, nas mulheres, estão associados ao stress (escapar à pressão e procura do alivio rápido e imediato) no trabalho, aos problemas nos relacionamentos e família.
Também podem estar relacionados com a ansiedade e a depressão. Nos últimos 30 anos, os factores stressantes aumentaram significativamente na nossa sociedade.
Acompanhei uma mulher que lhe tinha sido diagnosticado uma depressão e ela sentia-se bem quando consumia cocaína com uns amigos do sexo masculino.
Esta jovem está em risco de desenvolver um padrão de consumo que a pode conduzir à dependência crónica.
Tenho acompanhado algumas mulheres, principalmente com dependência de drogas ilícitas que iniciaram o processo do uso nocivo e depois dependência (adicção) quando se envolveram em relacionamentos de intimidade com seus parceiros que já consumiam.
Durante a adolescência, as raparigas são mais influenciadas e pressionadas pelos seus namorados (sexo masculino) para consumirem álcool e outras drogas do que o contrário.
Por vezes, o “papel” das mulheres (vínculos e laços) na relação é preocupar-se em valorizar e monitorizar o bem-estar da relação e agradar ao seu parceiro e família.
A mulher está intimamente ligada a todo o tipo de relações (ex. maternidade, amigas, família).
Se alguma coisa corre mal, cabe à mulher adaptar-se e, por vezes, até ignorar os problemas – regra do silêncio (não vês, não falas e não sentes).
Isto é, afirmam que fazem um voto de confiança e de abnegação (evocam estes valores, mas na realidade o comportamento é disfuncional – baixa auto-estima, vergonha e culpa, medo da rejeição, tristeza e isolamento) para que a relação resulte; aconteça o que acontecer.
Ela está ali para o melhor e o pior, negligenciando os seus valores e princípios morais. Muitas mulheres cresceram aprendendo um enorme rol de “não deves” e “não podes” que estão intimamente relacionadas com o ser rapariga.
Em alguns casos, não existiram referências e modelos saudáveis e construtivos (pessoas significativas).
João Rodrigues
Técnico de aconselhamento de comportamentos aditivos.
Formação em Inglaterra (Farm Place e Broadway Lodge)
e nos EUA (Hazelden Foundation).
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