Há um aumento do interesse por espécies exóticas em Portugal?

O interesse por espécies animais raras ou exóticas tem vindo a crescer em todo o mundo e o nosso país não é exceção. De facto, segundo o VetSurvey, a previsão é de que os cuidados veterinários com estes animais continuem também a registar um aumento, uma tendência já observada em vários países da Europa.

As espécies mais comuns são, de acordo com os dados disponíveis, os coelhos. Seguidas de algumas espécies de aves como a catatua (Nymphicus hollandicus), papagaios (Agapornis roseicollies), a arara azul e amarela (Ara araraúna), o papagaio cinzento (Psittacus erithacus) ou o papagaio verdadeiro (Amazona aestiva). Também vemos já um interesse crescente pelo furão (Mustela puctorius furo), dragão barbudo (Pogona vitticeps), cobra do milho (Panterophis guttatus), pitão real (Python regius) ou o gecko leopardo (Eublepharis macularius).

Que doenças podem transmitir estas espécies?

Tal como acontece com qualquer espécie e, inclusivamente com os humanos, estes animais podem carregar parasitas e doenças. Da mesma forma, ao saírem do seu habitat natural e conviverem com espécies nativas podem tornar-se mais suscetíveis de desenvolver doenças. O papel do cuidador e o devido acompanhamento pelo médico veterinário são cruciais para detetar qualquer sinal atempadamente e, sempre que possível, prevenir o desenvolvimento de doenças e a sua possível transmissão.

Ao mesmo tempo, há espécies mais suscetíveis a determinadas doenças. Alguns exemplos mais comuns são a carência de vitamina A (hipovitaminose A) em tartarugas semiaquáticas. No denominado dragão barbudo observamos comumente parasitismo. Em algumas aves como no papagaio do Congo (Psittacus erithacus) ou papagaio cinzento, algumas doenças hepáticas. Nos coelhos, são comuns patologias dentárias e síndrome gastrointestinal, e no caso dos porquinhos-da-índia registam-se comummente quistos ováricos. Nas ratazanas observamos diferentes tumores. Todas estas doenças podem ser prevenidas com os cuidados ideais.

Todas as espécies adaptam-se às condições climáticas do nosso país? 

Sendo possível criar as condições ideais para as manter, qualquer espécie se adequa. No caso dos répteis, por exemplo, é possível criar terrários com humidade e temperaturas controladas para um habitat natural e confortável.

Por que motivo é tão importante que estes animais sejam acompanhados por veterinários especializados em exóticos?

Devido à sua natureza e particularidades, as espécies exóticas exigem cuidados concretos. O acompanhamento por médicos veterinários especializados em exóticos permite um seguimento constante e a garantia de que todas condições de maneio são cumpridas, já que muitos destes animais escondem sintomas até a doença chegar a um estadio muito avançado, diminuindo substancialmente as hipóteses de tratamento ou, em muitos casos, de sobrevivência.

Que cuidados deve ter um cuidador que pretenda adquirir um animal exótico?

A educação e a sensibilização das populações assumem um papel muito importante nestes casos. Em primeiro lugar, estes cuidadores devem ter consciência sobre o que ter um animal exótico exige, é necessário avaliar a disponibilidade e se têm condições para mantê-lo e garantir-lhe a qualidade de vida e cuidados necessários. A posse de espécies exóticas é permitida desde que esteja devidamente documentada e obedeça a determinadas regras.