Knock Knock. É o som que se ouve quando alguém bate a uma porta que está fechada com o intuito de entrar num determinado recinto.

E é o que têm feito vários criadores portugueses que têm contactado Ana Filipa Ribeiro, Cláudia Andrade e Daniela Saraiva, as mentoras do projecto Knock Knock, um espaço de divulgação de criatividade criado em 2010 em Vila Nova de Gaia.

O centro de exposição física é complementado por uma loja online que comercializa peças elaboradas pelas sócias do projeto, localizado na Rua Cândido dos Reis com o Rio Douro em pano de fundo, que convidam regularmente novos criadores a expor no espaço, diversificando deste modo a oferta que disponibilizam. Deste modo, todos ficam a ganhar.

As empreendedoras nortenhas conseguem uma maior dinamização do estabelecimento com uma maior variedade de mercadoria e os artistas ganham uma nova montra e um canal de distribuição suplementar para as suas produções. Não admira, por isso, que a Knock Knock conte com os trabalhos de cerca de duas dezenas de criadores em permanência.

Em entrevista à Saber Viver, as empresárias explicam como surgiu o conceito do negócio, falam sobre o que as move e apontam ainda projectos para o futuro, que pode passar pelo aumento do número de parcerias, pelo reforço do negócio na internet e até pela abertura de um novo espaço físico de divulgação noutra cidade do país.

Como surgiu este projeto?

A Knock Knock é um espaço de três criadoras portuguesas, que iniciaram o seu percurso nesta área criativa com projetos independentes, designadamente o Infinitofim (Ana Filipa Ribeiro), Sra. Borboleta (Cláudia Andrade) e Uhma Handmade (Daniela Saraiva). Embora com percursos de vida distintos, estas três criadoras encontraram-se e com muita dedicação e horas de trabalho reuniram esforços para dar vida a um sonho comum. Em resultado destas sinergias, nasceu no centro histórico de Gaia, a Knock Knock .

Há quanto tempo existe?

Este projeto tem cerca de dois anos. Surgiu a no dia 13 de novembro de 2010.

Quais os objetivos da Knock Knock?

Com este nosso espaço dedicado aos criadores portugueses, pretendemos mostrar ao país e ao mundo que não há limites para a criatividade e que o que para uns é desperdício nas mãos de outros é arte. A seleção é feita em diferentes áreas, nomeadamente da moda, dos acessórios, da decoração e dos brinquedos.

Em algumas áreas, a transformação e a reutilização estão na base da concepção de algumas criações, transformando as matérias-primas (como é o caso de botões, papel ou restos de tecidos) em acessórios de moda, como colares, anéis, brincos e malas muito originais e, nalguns casos, únicas. Noutros casos, são utilizados têxteis tradicionais (toalhas e lenços) para fazer malas, estojos, porta moedas e aplicações em t-shirts.

Noutras vertentes, temos criadores com peças que recuperam as nossas memórias, como é o caso dos brinquedos de madeira tradicionais. Outros fazem ainda reinterpretações dos símbolos portugueses para acessórios decorativos com uma linguagem mais contemporânea. Ao fazermos apresentações periódicas de novos criadores, nestes últimos dois anos, conseguimos não só dinamizar o nosso espaço como o centro histórico de Gaia.

A divulgação desses eventos é feita nas redes sociais e através da nossa mailing list. Estes eventos são marcados por um porto de honra na presença do criador convidado, surpreendendo não só os nossos clientes como quem nos visita pela primeira vez.

O que já fizeram em termos de apresentações e com que nomes?

Em resultado destes dois anos de trabalho, temos no nosso espaço aproximadamente 20 criadores e muitos estão connosco desde o inicio, destacando-se os projetos Mãos e Art, Tapili, Oficina do Alfredo, HRamos, Aldim, Entrelinhas e Volta Meia Volta.

Como é que o vosso espaço de divulgação criativa é rentabilizado?

Essa rentabilização é feita através da venda dos produtos das três mentoras do projeto e dos produtos selecionados até ao momento na loja física e na loja on line. Essa seleção intensiva de produtos de novos criadores, que implica a realização de um novo evento de apresentação, provocam uma constante divulgação do evento e consequentemente da Knock Knock nas redes sociais.

Temos ainda um projeto, em estudo, para a organização de um evento que ultrapasse o espaço físico da loja e de que alguma maneira contribua para promover o centro histórico de Vila Nova de Gaia, onde orgulhosamente nos incluímos.

Quantas pessoas estão diretamente envolvidas na Knock Knock e com que apoios?

Este projeto envolve as três mentoras, a Ana Filipa, a Cláudia e a Daniela que, com as suas dinâmicas e os seus próprios recursos, suportam o projecto.

Como é que asseguram a viabilidade do projeto?

O projeto tem conseguido uma fidelização por parte de quem nos procura, provocando sempre um impacto muito positivo em quem nos visita pela primeira vez, garantindo assim um volume de vendas que nos permite olhar para o futuro com otimismo.

Esse otimismo deve estar forçosamente associado a uma estratégia de crescimento. Que projetos têm para o futuro?

A nossa aposta constante é na loja on line, o nosso mais recente passo com o intuito de fortalecer a internacionalização da Knock Knock, aumentando assim os laços com quem nos visitou e demonstrou vontade de nos ter por perto.

Além disso, pretendemos encontrar parceiros para implementar o projecto de organização do evento já referido. Num futuro, a médio prazo, quem sabe se não tentaremos a conquista de um novo centro histórico numa outra cidade.

Texto: Luis Batista Gonçalves