Antes da pandemia, o mercado imobiliário português estava a viver uma fase bastante favorável para quem pretendia vender os seus imóveis. A procura aumentou e, por consequência, os preços das casas começaram a bater recordes históricos.

Contudo, o novo coronavírus gerou um clima de incerteza e fez com que este setor, tal como tantos outros, abrandasse no seu número de transações e sofresse algumas quebras. Ao mesmo tempo começou-se a especular que existiria uma descida nos preços do imobiliário. Foi por este motivo que muitos portugueses acabaram por adiar a compra do seu imóvel.

Mas os dados do primeiro semestre mostram uma realidade bem diferente, com os preços dos imóveis a aumentarem.

Porque é que os preços subiram?

Na verdade, a COVID-19 não parou o mercado imobiliário no primeiro semestre de 2020.

O principal fator para as casas manterem os preços ou até mesmo aumentarem deve-se a continuar a existir pouca oferta no mercado. Além disso, os especialistas dizem que, ao contrário da última crise, neste momento não há uma bolha imobiliária e os operadores não apresentam níveis de endividamento que os obriguem a realizar negócios à pressa.

Outra razão é que os especialistas estão confiantes que Portugal e o seu mercado imobiliário vai continuar a ser um ativo atrativo para os investidores estrangeiros, uma vez que há uma tendência clara para procurarem ativos de refúgio.

Fora os estrangeiros, há também vários investidores nacionais com capital disponível para investir. No total, há cerca de sete mil milhões de euros disponíveis para investir no mercado nacional, de acordo com um inquérito da Cushman Wakefield, realizado entre os dias 6 e 17 de maio a 53 investidores e cujas conclusões foram publicadas no dia 6 de julho.

Mas... será que vai haver quebra de preços?

Segundo alguns especialistas do setor imobiliário, mesmo que exista uma quebra nos preços, essa descida não será para já, e a recuperação deverá ser rápida. Para os próximos meses, prevê-se mesmo uma estabilização, não se antecipando descidas de preços imediatas e "será expectável que se assista a uma troca, superior ao normal, de imóveis em centros urbanos densos, por imóveis nas periferias com menor densidade populacional e maiores espaços livres/verdes", antecipa Cláudio Santos, CCO e partner do Doutor Finanças.

Os especialistas admitem que os preços até podem vir a descer, mas apenas quando e se os rendimentos das pessoas forem afetados de forma mais significativa e se começar a haver necessidade de vendas de imóveis com urgência.

Uma vez que o nível de incerteza é tão elevado, estas são apenas algumas tendências do mercado imobiliário. Na verdade, a duração e a evolução da pandemia podem ditar outra resposta para a evolução da economia, do desemprego, e de outras medidas de apoio às famílias, que podem ajudar ou penalizar a atividade imobiliária. Isto é, mantendo-se os apoios (como o caso das moratórias, que devem manter-se até março de 2021) e os rendimentos (seja através de lay-off ou da manutenção dos postos de trabalho), o impacto na vida das pessoas poderá ser sentido apenas em meados do próximo ano. E se este cenário se adensar, será nessa altura que podemos começar a ver quebras nos preços do imobiliário.