«Vai-se andando», «estou mais ou menos»,
«vou indo assim assim», «isto não está fácil!», «está tudo na mesma», «podia estar melhor»...

Se à pergunta
«Como vais?» responde com expressões
idênticas às anteriores, está na
altura de trabalhar a sua resiliência, isto é,
de fortalecer a sua capacidade para enfrentar
os acontecimentos da vida e reagir de
forma positiva às adversidades.

Já se perguntou porque é que algumas
pessoas, muitas vezes de poucos recursos
económicos e educacionais, face a circunstâncias
adversas, conseguem dar a volta por
cima, enquanto outras desistem? A resiliência
é algo que nenhum status ou nível
educacional lhe pode dar, constituindo
uma aptidão humana fundamental. Trata-se de um dos recursos mais úteis
para reformular padrões de comportamento
e olhar a vida de forma positiva.

Mesmo que à sua volta exista caos, insegurança,
medo, frustração, mudança e incerteza,
conseguirá segurar-se se for resiliente. Cultivar
a sua resiliência irá permitir-lhe desenvolver
o pensamento colateral (também
designado por pensamento criativo), isto é,
encontrar soluções onde outros vêem problemas,
pensar de forma um pouco ao lado, descobrindo caminhos simples para
problemas complexos.

E, será que conseguimos tornar-nos
mais resilientes? Sim! Embora pareça o
contrário, ninguém nasce determinado.
Ao invés, somos nós que nos tornamos. Em cada decisão que tomamos, sempre
que optamos ou que, não optando, deixamos
que os outros optem por nós. Como
disse Jean-Paul Sartre, «não importa o que
fizeram connosco, mas aquilo que conseguimos
fazer com o que fizeram de nós».

Para fortalecer a sua resiliência, deve,
em primeiro lugar, acreditar que é possível
dar a volta por cima. Mesmo sentindo
que tal não depende de si (ou só de si) pode
fazer algo para mudar uma situação.
E, se não puder mudá-la, talvez possa
olhar para ela de outra forma. Tal atitude
mental pode marcar o início de uma solução.

Depois evite adiar decisões. Adiar é o
primeiro passo para deixar os acontecimentos
dominarem a sua vida em vez de
dominá-los. Com isso estagnamos. Perdemos
a confiança, começamos a acreditar
que não somos capazes. E vamos adiando
tudo na nossa vida. Começando por aquilo
com que sonhamos.

Faça uma lista dos seus recursos, isto é,
de todos os pontos onde tenha conseguido
superar obstáculos. Este será o seu guia
sempre que necessitar de forças. Passar no
exame de condução, ter perdido o medo
de nadar fora de pé, conseguir fazer aquele
relatório que julgava impossível…

Deve ainda treinar a capacidade de ver
o erro como algo positivo. Assumir o erro
como aprendizagem é excelente para ver
que é possível melhorar. Enfrente as suas
limitações. Se nunca as enfrentar, nunca
saberá se teria sido capaz. E, lá à frente, irá
pensar em tudo o que perdeu por ter ficado
acomodada às suas limitações (ou pior,
à ideia de que tinha limitações).

Finalmente, estabeleça metas pessoais
e tente superá-las. Seja perseverante. Vai
sentir medo. Vontade de desistir. Por isso,
ter um plano de acção pessoal é importante
para que consiga crescer com os momentos
negativos ao invés de se deixar
inundar por eles. Confiando em si e nas
suas capacidades inatas. A resiliência é
fundamental para enfrentar a fase em que
vivemos. Vamos a isso!

Texto: Teresa Marta (mestre em Relação de Ajuda e consultora de Bem-estar)