Quem sou eu? – Esta é uma pergunta que já deve ter feito a si mesmo algumas vezes ao longo da sua vida (ou pode agora estar a fazê-la pela primeira vez ao ler este texto).

Tudo começa na infância

Desde os primeiros momentos de vida de uma criança (e talvez até durante a gravidez) começa-se a formar aquilo a que chamamos personalidade e sentido de identidade.

A forma como somos cuidados (ou não cuidados) pelas nossas figuras de vinculação, afeta a forma como começamos a ver e entender o mundo. É natural que uma criança que sofre algum tipo de negligência ou abuso (físico e/ou emocional) tenda a ver o mundo como um lugar perigoso e imprevisível, onde é difícil confiar nas pessoas ou olhar para o futuro como positivo e agradável. Por outro lado, uma criança criada no seio de uma família que cuida dela com amor incondicional, carinho e tranquilidade, que lhe dá espaço de autonomia e lhe permite vulnerabilizar-se sem a castigar, tende mais facilmente a gerir a sua vida consciente das suas capacidades e a confiar nas pessoas à sua volta.

De qualquer forma, estas associações podem não ser tão lineares se, em algum momento, o percurso de vida se alterar e ocorrerem acontecimentos que permitam a resolução ou acentuação de processos dolorosos.

Ao longo da vida

            Os acontecimentos académicos, profissionais e relacionais ao longo da vida têm impacto e podem influenciar a forma como nos expressamos emocionalmente e lidamos com conflitos, como somos mais passivos, agressivos ou assertivos e até os sintomas a nível psicológico que desenvolvemos (p.e. quadros ansiosos, depressivos, obsessivo-compulsivos, entre outros).

Vivemos também numa época e sociedade em que se é muito mais valorizado pelo “ter” e pelo “fazer” do que pelo “ser”. Muitas vezes definimo-nos quase em exclusivo por aquilo que temos em bens materiais ou pela profissão que exercemos, esquecendo a pessoa que sente, pensa, observa, se relaciona. Olhamos para o nosso futuro como mais aquisição de conhecimentos, obtenção de bens ou aquisição de competências e menos como o crescimento e desenvolvimento pessoal que podemos também obter.

Olhar para a nossa história de vida de uma forma produtiva e resolver dentro de nós e com os outros algumas destas dores emocionais e padrões de funcionamento ajuda-nos a encontrar o bem estar que tanto procuramos.

A psicoterapia pode ser fundamental neste caminho, uma vez que nos ajuda a conhecermo-nos e a reconhecermos os outros de uma forma guiada, ao ritmo que cada pessoa consegue ir. A terapia procura dar às pessoas um racional de entendimento das potencialidades e dificuldades que têm no presente e ajudá-las de forma mais tranquila a obter o bem estar que realmente precisam. Aprende-se a ceder sem remorso ou zanga, aprende-se a comunicar sem agressividade ou com mais voz. Pode aprender a aceitar-se a si mesmo e a apaziguar-se consigo e com os outros em seu redor.

Ana Sousa – Psicóloga Clínica