Este Inverno tem sido particularmente frio. Temperaturas demasiado baixas para o que estamos habituados fazem-nos mudar alguns estilos de vida. Mas será que a alimentação também se modifica no Inverno? O que se deve comer nesta época do ano?

Como se sabe, a alimentação é um dos factores com maior influência na saúde. No Inverno, assume “particular importância na adaptação do nosso organismo ao frio, quer no que se refere ao aumento das necessidades energéticas, quer no que respeita à necessidade de reforço do sistema imunitário, que nos protege contra infecções”, defende a Dr.ª Graça Raimundo, presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Dietistas (APD). Os alimentos a consumir devem ser preferencialmente os alimentos da época, “tais como a acelga, os espinafres, a couve, o repolho, a couve-flor, as couves-de-bruxelas, os cogumelos, as ervilhas, o feijão, a beterraba, o rabanete, a alface folha de carvalho e o agrião. No que se refere à fruta, deveremos dar preferência ao consumo de laranjas, tangerinas e kiwis”, acrescenta a dietista.

O consumo de alimentos da época tem importância devido a três aspectos: o nutricional, o económico e o ecológico. “A quantidade de nutrientes (vitaminas e minerais) que oferecem os alimentos da época (hortaliças e frutas) é maior, pois o seu desenvolvimento ocorre nas condições climáticas que lhe são adequadas. Além de serem também mais saborosos, economicamente são mais vantajosos para o consumidor”, explica Graça Raimundo. Deveremos ainda ter em conta que, ao consumir alimentos da época, estará a respeitar “o ciclo natural da produção que ajuda a preservar o meio ambiente”.

Alimentos “amigos” da gripe

O sistema imunitário tem um papel primordial na protecção contra as infecções. A vitamina C, presente sobretudo na laranja, tangerina, uvas, morangos, kiwis e algumas verduras, é capaz de estimular o sistema imunitário. Quando a gripe se instala, a alimentação continua a ter um papel importante.

“Os líquidos têm uma função essencial; uma opção é ingerir infusões de plantas como o eucalipto, a equinácea e a verbena. Além de aumentar o aporte de líquidos, também se aproveitam todas as propriedades benéficas que estas exercem sobre as vias aéreas superiores”, diz-nos Graça Raimundo. 

Alimentos de Verão e de Inverno?

Durante o Inverno, o organismo gasta mais energia para manter a temperatura corporal. “Para repor esta energia, há um aumento do apetite e maior ingestão alimentar.” Por outro lado, no Verão, privilegia-se sobretudo a hidratação, devido ao aumento da temperatura, enquanto no Inverno há maior necessidade de ingerir alimentos fornecedores de energia.

As nossas escolhas alimentares no Outono e no Inverno recaem sobre alimentos e refeições mais consistentes. “Os alimentos da época são mais calóricos, como são exemplo a batata-doce e os frutos secos e oleaginosos (nozes, amêndoas, castanhas, entre outros)”, sugere Graça Raimundo.

No Outono e no Inverno, denota-se uma diminuição da actividade física. “As pessoas ficam mais em casa, diminuem o exercício, daí a importância de estar atento ao ponteiro da balança e de perceber a necessidade de ajustar o nosso padrão alimentar ao clima e também à actividade física”, acrescenta a presidente da Direcção da APD.

A alimentação deve ser adequada em quantidade e qualidade. “Um indivíduo que apresente um bom estado nutricional tem maior resistência à doença, e quando a doença se instala tem menor número de complicações e melhor prognóstico.” Por outro lado, as pessoas que apresentam malnutrição são mais susceptíveis à doença e contraem doenças infecciosas com maior facilidade. Por todos estes motivos, independentemente da época do ano e da própria temperatura, mantenha uma alimentação saudável adequada e proteja-se contra as doenças!

Texto: Cláudia Pinto

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