"Cerca 21,2% da população tem níveis abaixo dos 10 nanogramas por mililitro (ng/ml), que corresponde a um risco de deficiência grave, de acordo com as classificações da Sociedade de Endocrinologia", diz a reumatologista Cátia Duarte.

Vitamina D

A vitamina D é uma vitamina que contribui para o desenvolvimento, crescimento e manutenção do equilíbrio de uma multiplicidade de órgãos e funções do corpo humano, que vão desde o período de gestação até ao fim da vida.

Segundo o estudo "A carência de Vitamina D em Portugal", "apenas 3,6% da população tem níveis considerados normais, com níveis superiores a 30 ng/ml". As conclusões apontam para que mais de 60% da população tenha "uma elevada prevalência de deficiência ou, pelo menos, de níveis inadequados de vitamina D", com valores abaixo dos 20 ng/ml.

O estudo, realizado entre 2011 e 2013 pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra em colaboração com a Nova Medical School, obteve amostras de 3.092 indivíduos com mais de 18 anos.

A vitamina D é obtida principalmente através da exposição solar, a partir da síntese cutânea, mas também pela ingestão de determinados alimentos.

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"A população com mais idade, a partir de 70 anos e, sobretudo, com mais de 75 anos, tem uma maior carência de vitamina D quando comparado com adulto jovem, entre os 18 e os 29 anos, com um aumento de risco de quase seis vezes de carência de vitamina D, ou seja muito abaixo dos 10 ng/ml", disse Cátia Duarte.

Fatores de risco

De acordo com a especialista, a inatividade física, a obesidade e o tabagismo são fatores de risco que contribuem para uma maior carência de vitamina D. "A mudança de estilos de vida é um passo importante", explicou. Nos grupos de risco "em que não é possível a modificação dos fatores de risco, a suplementação poderá ser indicada, embora no idoso já esteja contemplada pela Direção-Geral de Saúde".

Além dos efeitos nefastos ao nível ósseo, "bem documentada no raquitismo da criança", a falta de vitamina D na população adulta jovem e mais idosa está a associada a diversas comorbilidades, "nomeadamente doença cardiovascular, a diabetes e maior associação a algumas neoplasias e doenças autoimunes".

"São estudos essencialmente transversais que não permitem estabelecer uma causalidade, mas há uma grande ligação entre a deficiência de vitamina D e o aparecimento destas doenças e que podem ter efeitos ao nível de vários órgãos e sistemas, obviamente dependendo do nível de carência que tenhamos", referiu.