Quando falamos em saídas à noite e jovens, falamos sobretudo em jantares, bares e discotecas. Falamos em festas e diversão. E foi nesse sentido que procurei como ortopedista rever o tipo de acidentes/trauma mais frequentemente associado a estas atividades lúdicas. Quando a animação se transforma em pesadelo.

Para isso coloquei-me de novo na pele de um adolescente e procurei descrever o tipo de perigos associados a determinados comportamentos e as suas consequências. Para evitá-los, é fazer o contrário àquilo que descrevo e esperar por alguma sorte.

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Tudo começa ainda antes de sair de casa, com a escolha da roupa, nomeadamente do calçado. Todos já ouvimos falar nos potenciais malefícios do uso do salto alto, para a coluna, joanete, agora à noite, com tanta distração e o estado da calçada portuguesa, as quedas acontecem. Uma queda pode ser provocada pela torção do tornozelo, dando origem ao vulgo entorse, que significa que um dos ligamentos que estabiliza o tornozelo sofreu uma distensão ou até mesmo uma rotura.

Nos casos mais graves pode até haver uma fratura óssea do tornozelo, que poderá obrigar a uma intervenção cirúrgica. Felizmente não é o mais frequente e a recuperação de uma entorse faz-se normalmente  adoptando o R. I.C.E. (R de rest, repouso; I de ice, gelo; C de compression, ligadura elástica; E de elevation, elevação do pé) com alguma medicação anti-inflamatória.

Mas a saga ainda agora começou...

O transporte escolhido também poderá ser um problema, falando pela novidade e frequência crescente dos veículos de duas rodas como as bicicletas e as trotinetes. Os traumatismos mais frequentes que assistimos são os do ombro pelo impacto direto da articulação contra o chão numa queda.

O resultado é a fratura da clavícula ou o deslocamento da articulação que une a clavícula à omoplata. Nos dois casos a dor e a impotência é intensa. São situações que não sendo emergentes, pela grande incapacidade que provocam, deverão ser avaliadas por um Ortopedista. Enquanto isso não acontece o mais sensato é colocar o braço ao peito, aplicar gelo e tomar algo para as dores. Não é raro a necessidade de operar para voltar a colocar o ombro a funcionar.

À noite várias situações podem levar a um a briga, muitas vezes potenciada pela bebida. Um simples cortejar pode tornar-se violento se entretanto aparecer o namorado da jovem, e se ele se fizer acompanhar de utensílios. Nesses casos, poderemos assistir à chamada Night Stick Fracture. Resulta quando ao ser agredido a vítima coloca o antebraço a defender a face, sofrendo um impacto direto e provocando uma fratura do osso cúbito. Mais uma vez, muita dor, edema do antebraço. O tratamento geralmente é a cirurgia com a colocação de uma placa e parafusos.

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Mas não é só a vítima que pode sofrer danos. A fratura do agressor, chamada fratura de Boxeur, é comum. Trata-se de uma fratura do metacarpo, um osso da mão que surge ao ser dado um murro. Quando assistimos estes doentes, é raro, por vergonha, aquele que confessa ter sofrido a lesão ao agredir alguém.

Outros riscos

Os acidentes automóveis, os que provocam a traumatologia mais grave e que tristemente continuam muito associados ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas, continuam a ser um flagelo. Pela sua frequência, falo das duas leões ortopédicas mais frequentes: o síndrome de whiplash ou golpe de chicote e as fraturas da bacia e fémur.

O golpe de chicote causa uma dor no pescoço que poderá apenas surgir no dia seguinte ao acidente. É provocado por um movimento intempestivo de hiperextensão e flexão súbita do pescoço que surge durante um impacto frontal ou traseiro.

O violento movimento causa na maioria dos casos um simples entorse do pescoço com uma contratura muscular dolorosa associada. Pode ser mais grave e provocar deslocamentos da cervical ou hérnias que obrigam a uma observação mais especializada em ambiente hospitalar, sendo que sintomas como a dormência dos braços e mãos ou a perda de força são indicação para se deslocar ao hospital. 

Nos casos mais leves, uma boa medicação e o usos de colar cervical semi-rígido pode ser suficiente no tratamento deste síndrome.

As fraturas da bacia e fémur podem ser muito graves. São frequentemente provocados pelo embate direto do joelho contra o tablier do automóvel.  A incapacidade que dão é grande e são raras aquelas que escapam a uma cirurgia.

Esta é uma visão sobre a patologia traumática que mais frequentemente podemos encontrar no campo da ortopedia com a animação noturna dos jovens. A diversão é saudável, mas como tudo na vida com peso e medida. 

Iremos falar sobre este assunto em Almada no dia 10 de Maio 2019 pelas 10h45 no evento Almada Saudável organizado pela Câmara Municipal de Almada a que se juntou com entusiasmo a Clínica CUF Almada.

Um artigo escrito pelo médico Nuno Pereira Coutinho, ortopedista na Clínica CUF Almada.

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