É necessário elucidar que as infeções urinárias afetam os órgãos do trato urinário e podem ser divididas em infeções da uretra (uretrite, que é produzida geralmente por microorganismos de origem genital), da bexiga (cistite) ou do rim (pielonefrite e abscesso renal).

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No homem podemos englobar também as infeções associadas à próstata (prostatite) ou aos testículos (orquite e orquiepididimite).

As infeções urinárias são uma das infeções mais comuns e a maioria é provocada por bactérias. Em alguns casos, podemos encontrar também infeções causadas por fungos, geralmente em doentes com diabetes ou quando o sistema imunitário está debilitado. Entre 70 a 80% dos casos são provocados pelo agente Escherichia coli. Em 10 a 15% dos doentes com sintomas não se consegue identificar o agente envolvido.

As infeções do sistema urinário são mais prevalentes nas mulheres – afetam cerca de 40% das mulheres portuguesas –, dada a maior proximidade da uretra feminina com o ânus e com a vagina e pelo facto de a uretra ser muito mais curta do que a masculina, o que faz com que os microrganismos alcancem mais facilmente a bexiga.

Normalmente, os microorganismos alcançam o sistema urinário pela uretra ou, mais raramente, através do sangue e instalam-se ao nível dos rins. Nas mulheres, a infeção urinária ocorre por contaminação de microorganismos da região vaginal ou perianal e associa-se com frequência a condições que alterem o pH da vagina como, por exemplo, o período menstrual, obstrução urinária, hábitos de higiene inadequados, infeções fúngicas vaginais (candidíase), gravidez ou mesmo o envelhecimento, isto porque diminui a eficácia dos mecanismos protetores contras as infeções.

A atividade sexual também constitui um mecanismo frequente para o desenvolvimento de infeções urinárias.

As bactérias, por norma, são rapidamente removidas, antes de causarem infeção, pela própria urina e pelas defesas do organismo. Quando tal não acontece, os sintomas de infeção tornam-se evidentes: ardor ou dor ao urinar, vontade frequente de urinar ou ocorrência de micções frequentes e em pequenas quantidades ou, em casos mais avançados, dor na parte inferior do abdómen, eliminação de sangue na urina. No entanto, quando a infeção se torna complicada e afeta o rim, aparecem alterações na cor, febre, vómitos ou calafrios.

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No caso da cistite, os sintomas não costumam durar mais de 2 a 3 dias após o início do tratamento, no caso da pielonefrite ou abscesso renal, o tratamento antibiótico é mais largo e os sintomas podem continuar mesmo depois dos primeiros dias de tratamento.

No caso das infeções urinárias, como em outras patologias, o diagnóstico atempado assume uma importância crucial. O tratamento eficaz requer precisão no diagnóstico. Por norma, o diagnóstico é feito tendo em conta os sintomas que o doente apresenta e

através dos resultados das análises à urina. Certos casos implicam a realização de um estudo imagiológico complementar para adquirir mais informações como a ecografia ou a tomografia computorizada (TAC).

O tratamento baseia-se na toma de antibióticos e, por isso, quando mais rápido e preciso for o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento porque permite ao médico prescrever o antibiótico mais adequado para o tratamento da infeção em causa, evitando, desta forma, a toma excessiva e inadequada.

A ingestão abundante de água, não retardar o ato de urinar, cuidados gerais de higiene íntima como utilização de roupa interior de algodão que permite que a pele a as mucosas“respirem” e diminuiu a concentração de microorganismos e utilização de sabões com pH neutro para a higiene local, são medidas de prevenção eficazes e que devem ser tidas em conta.

As explicações da médica Eleonora Bunsow, especialista em Microbiologia Clínica e Doenças Infeciosas.