A bexiga hiperativa caracteriza-se por episódios de urgência urinária (desejo repentino e inadiável de urinar, com pouco ou nenhum tempo para chegar à casa de banho), geralmente acompanhada por número aumentado de micções durante o dia e também por uma ou mais micções durante a noite.

Estes sintomas podem ocorrer com ou sem perda de urina - a chamada incontinência urinária, situação que acarreta geralmente um impacto ainda maior na qualidade de vida do que a bexiga hiperativa sem perda urinária associadas.

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Trata-se de uma situação muito frequente, atingindo cerca de 17% da população em geral e afetando, de igual forma, homens ou mulheres. Os doentes que apresentam este tipo de sintomas sofrem, geralmente, de limitação na sua atividade profissional ou na sua vida pessoal, evitando determinados locais ou situações nas quais o acesso à casa de banho é mais difícil.

O diagnóstico de bexiga hiperativa exige que sejam excluídas outras causas para os sintomas e que possam merecer tratamento específico (por exemplo infeção urinária), pelo que apenas após um correto diagnóstico feito pelo seu médico deverá recorrer a auto-medidas que permitam reduzir a intensidade dos sintomas.

Ingestão de água

Evitar beber água antes de determinadas situações como uma viagem longa ou antes de ir para a cama pode prevenir episódios de urgência urinária em situações indesejáveis, incluindo durante o sono. Devemos ter em conta que o normal funcionamento do organismo implica que se beba entre 1.5 a 2L de água por dia, pelo que não é recomendável que se beba menos – se não for possível atenuar os seus sintomas mantendo esta quantidade de água ingerida por dia, deve considerar seriamente avaliação especializada para ajudar no seu problema.

Alguns alimentos e bebidas podem agravar os sintomas da bexiga hiperativa, nomeadamente álcool, café, refrigerantes, citrinos ou comidas picantes, que podem atuar aumentando a produção de urina ou provocando irritação da bexiga.

Perda de peso

No contexto de um estilo de vida saudável, incluindo exercício físico e uma alimentação cuidada, a perda de peso é particularmente útil na redução da incontinência associada à bexiga hiperativa. Consiste num conjunto de medidas que, permitindo resistir ao primeiro impulso de ida à casa de banho, acabam por conduzir a um aumento da capacidade da bexiga, com redução do número e intensidade de episódios de urgência urinária.

São necessárias várias semanas de treino da bexiga para que possam ser notados os primeiros efeitos. A eficácia desta abordagem é limitada e carece de acompanhamento médico para que os resultados sejam mais encorajadores.

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Tratamento medicamentoso

As medidas conservadoras são frequentemente ineficazes no controlo dos sintomas de bexiga hiperativa. Nesta fase, poderá estar indicada a realização de exames médicos para avaliação do aparelho urinário e, após avaliação do foro urológico, a decisão de qual o tratamento a iniciar depende da situação particular de cada doente.

Outros tratamentos

Mesmo quando o tratamento com medicamentos é ineficaz, existem outras possibilidades como a injeção de toxina botulínica na bexiga ou diferentes formas de estimulação elétrica para controlo dos sintomas. A avaliação e o tratamento dos casos resistentes aos medicamentos deve ser levada a cabo por um urologista especializado no tratamento de bexiga hiperativa e de incontinência urinária.

As recomendações são do médico Ricardo Pereira e Silva, assistente hospitalar de Urologia no Hospital de Santa Maria