A greve dos médicos é um protesto pela ausência de medidas concretas do Governo num conjunto de reivindicações sindicais que têm tentado estar a ser negociadas ao longo do último ano.

Na quarta-feira, os enfermeiros associados da Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros (Fense) começam uma greve de zelo por tempo indeterminado que visa protestar contra a falta de diálogo do Ministério da Saúde com estas estruturas sindicais, que acusam a tutela de não dar seguimento às suas reivindicações, nomeadamente em matéria de horários de trabalho, categorias e vencimentos.

Para o presidente do Movimento dos Utentes dos Serviços de Saúde, Manuel Vilas Boas, as greves dos profissionais têm razão de ser porque “os utentes sabem perfeitamente que, se querem ser bem tratados e aceder atempadamente aos cuidados médicos e de enfermagem, têm que ter os profissionais a funcionar em pleno”. “Tanto os médicos como os enfermeiros têm de possuir os meios necessários para exercer as suas profissões e em número considerado suficiente para realizar as suas atividades”, disse.

Para Manuel Vilas Boas, “é inconcebível chegar a uma urgência hospitalar e ver como os profissionais trabalham assoberbados”.

A propósito do apelo dos sindicatos que promovem a greve para os utentes não frequentarem os serviços, sempre que isso seja possível, Manuel Vilas Boas reitera a solicitação: “Desde que possam adiar algumas situações, se o puderem fazer, será melhor”.

Paralisação convocada pelo dois sindicatos

A greve dos médicos desta quarta e quinta-feira foi convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e diminuição do número de utentes por médico de família são algumas das reivindicações sindicais.

Os sindicatos também querem a reposição do pagamento de 100% das horas extra, que recebem desde 2012 com um corte de 50%. Exigem a reversão do pagamento dos 50% com retroatividade a janeiro deste ano.