A doença periodontal – que afeta os tecidos que conferem suporte dentário desde a gengiva ao osso que envolve e suporta o dente - continua a não ser devidamente diagnosticada, nem dada a verdadeira importância ao seu impacto na saúde. O alerta é dos dentistas do Centro de Estudos da Mundo A Sorrir.

"No caso dos diabéticos o risco de infeção oral é maior do que na restante população, nomeadamente de doenças como gengivite, periodontite, cárie, problemas nas glândulas salivares ou de sensibilidade. No entanto, uma vez que atualmente a ligação entre a diabetes e a doença periodontal é ainda, por vezes, desvalorizada, o desafio é encontrar uma verdadeira e inovadora abordagem que envolva os profissionais de saúde, os doentes e um ecossistema diverso de transdisciplinaridade e que se traduza na mudança efetiva de comportamentos", indica fonte do centro.

O excesso de peso, o sedentarismo e a obesidade estão entre os principais fatores de risco para a diabetes. A mudança de comportamentos assume contornos preocupantes quando, em Portugal, mais de metade da população tem excesso de peso - 6,18 milhões de pessoas (59,8%) – com uma prevalência mais acentuada nos homens (65%) do que nas mulheres (55%).

Veja ainda: 15 alimentos que os dentistas nunca comem

Saiba mais12 outras utilizações que pode dar à pasta de dentes

Leia tambémComportamentos que arruínam os seus dentes

A obesidade apresenta uma prevalência de 22,1%, atingindo quase 2,3 milhões de portugueses, sendo que é mais esbatida a diferença entre homens (21,4%) e mulheres (22,8%). O sedentarismo ou falta de atividade física afetam 33,5% dos homens e 40,8% das mulheres, de acordo com o mesmo relatório da OMS.

Lisboa recebe simpósio

Para debater estas questões e encontrar soluções que possam ter impacto significativo na qualidade de vida da população, nomeadamente da população diabética e pré-diabética, numa óptica de prevenção, o C.E.M.A.S (Centro de Estudos da Mundo A Sorrir) promove, no dia 25 de março, na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, o II Simpósio, intitulado “Comportamentos: Diabetes e Saúde Oral”.

O programa inicial fará referência à associação bidirecional entre a diabetes e a Saúde Oral. Inicialmente, será feita uma abordagem pela perspetiva do médico endocrinologista João Filipe Raposo, seguida da perspetiva pelo lado da Saúde Oral pela periodontologista Susana Noronha. Este painel terá uma discussão moderada pelos professores Gil Alcoforado e o endocrinologista Luís Sobrinho.

Os comportamentos sob as perspectivas da Higiene Oral, da Nutrição, estão em destaque no programa, ficando a cargo do higienista oral Mário Rui Araújo, do nutricionista José Camolas e, ainda, o tema da desabituação tabágica pela médica dentista Marta Resende.

“As mudanças comportamentais e a mais-valia da transdisciplinaridade” será um dos painéis de discussão alargado, que junta todos os oradores presentes durante o período da manhã, aos quais se juntará a participação do médico psiquiatra José Neves Cardoso. O II Simpósio terminará com a participação do médico Prof. José Manuel Silva (antigo Bastonário da Ordem dos Médicos) com o tema “Literacia para a Saúde”.