O fígado é fundamental no metabolismo e na desintoxicação do organismo, estando envolvido no metabolismo do álcool. O consumo excessivo e prolongado de bebidas alcoólicas pode comprometer seriamente a sua função, levando ao desenvolvimento de diversas doenças hepáticas.

O álcool tem impacto em vários domínios da saúde do indivíduo e nas suas implicações sociais e, nesse sentido, deve adotar-se medidas preventivas para evitar complicações graves.

O consumo excessivo de álcool está diretamente associado a várias patologias hepáticas. A Esteatose Hepática Alcoólica, também conhecida como fígado gordo alcoólico, caracteriza-se pela acumulação de gordura nas células do fígado e, embora frequentemente assintomática, pode evoluir para estágios mais graves se o consumo de álcool persistir.

A Hepatite Alcoólica é uma inflamação do fígado que nas apresentações mais severas é frequentemente fatal, e em que pode já coexistir uma cirrose hepática.

O consumo excessivo, mantido, de álcool, pode levar ao desenvolvimento de Cirrose Hepática, em que o desenvolvimento de fibrose (“cicatrizes”) no fígado altera a sua estrutura comprometendo a sua função e circulação do sangue através dele, com risco de surgimento de complicações como hemorragias digestivas,  ascite (popularmente conhecida como “barriga de água”), alterações do comportamento, disfunção de outros orgãos, infeções e do desenvolvimento de Cancro do fígado.

A suscetibilidade às lesões hepáticas pelo álcool pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como a predisposição genética, o estado nutricional e a presença de outras condições médicas. No entanto, a evidência científica é clara ao demonstrar que a ingestão excessiva de álcool representa um risco significativo para a saúde do fígado, sendo uma das principais causas de doença hepática crónica a nível global.

Os efeitos negativos do álcool acontecem não apenas na saúde, mas também nas relações interpessoais, na produtividade e na qualidade de vida.

A prevenção é, naturalmente, a melhor estratégia contra esses efeitos negativos. É importante adotar hábitos saudáveis e limitar significativamente ou mesmo evitar o consumo de álcool.

Em suma, a relação entre o álcool e o fígado é inegável e, muitas vezes, perniciosa.

Um artigo do médico hepatologista José Manuel Ferreira, vice-presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF).