“Começamos com este projeto-piloto na ilha Terceira da receita sem papel, ou seja da desmaterialização da receita, e contamos que, num prazo máximo de seis meses, em todas as unidades de saúde de ilha dos Açores esteja a funcionar este processo”, disse o secretário regional da Saúde, Rui Luís.

O governante falava aos jornalistas após ter testado a aplicação da medida em Angra do Heroísmo, levantando um medicamento na farmácia com os códigos que lhe tinham sido atribuídos minutos antes no centro de saúde.

A receita sem papel será, também, alargada aos hospitais da região assim que a iniciativa estiver a funcionar em todos os centros de saúde, o que a tutela estima que venha a acontecer até ao final do ano. A medida, que já entrou em vigor no continente português, estava prevista ser implementada nos Açores no último trimestre de 2016.

Segundo o secretário regional da Saúde, o atraso prendeu-se com a necessidade de garantir o funcionamento do sistema informático e o cumprimento das regras de segurança. “Ao nível da segurança e das validações é um bocadinho moroso. Nós passamos pelo facto de o próprio médico ter de se validar com o cartão de cidadão”, observou.

Levantar medicamentos sem documento físico

Com a receita sem papel, o utente pode levantar um medicamento na farmácia sem qualquer documento físico, bastando apresentar a sua identificação pessoal e códigos, sendo que estes lhe são enviados para um endereço eletrónico ou por mensagem de telemóvel, após a consulta.

Quem não tem telemóvel ou não utiliza novas tecnologias, recebe uma guia de tratamento em papel com os códigos. Nos casos em que o médico prescreve vários medicamentos ou várias caixas do mesmo fármaco, o utente pode aviar a receita em diferentes datas e farmácias, bastando que apresente de cada vez os códigos que lhe foram fornecidos.

O secretário regional da Saúde disse estar convicto de a desburocratização da prescrição permitirá melhorar o atendimento dos utentes. “Estamos convencidos de que a desmaterialização irá dar mais tempo ao médico para estar com o seu utente, porque, como é óbvio, é este o nosso objetivo. Desmaterializando toda a parte burocrática, com certeza vamos ter mais tempo para chegar ao utente”, frisou.

Em agosto do ano passado, a Secretaria Regional da Saúde lançou uma aplicação gratuita, a SRS+, que permitia aos utentes ter acesso à informação clínica, marcar consultar e entrar em contacto com o médico de família, entre outras vantagens.

No entanto, a maior parte dos açorianos ainda não se rendeu às novas tecnologias ligadas à área da saúde.

“Vamos investir na promoção para as pessoas perceberem que é uma ferramenta útil e, agora ligada a esta questão da receita sem papel, poderá ter uma interligação muito interessante para as pessoas utilizarem no dia-a-dia”, salientou Rui Luís.