De acordo com a OMS, 78 milhões de pessoas contraem a doença todos os anos. "A bactéria responsável pela gonorreia é especialmente inteligente. Cada vez que usamos um novo tipo de antibiótico para tratar esta infeção, a bactéria evolui para resistir-lhe", explica Teodora Wi, em comunicado da OMS, destacando a necessidade de desenvolver "novos medicamentos".

Baseando-se em dados de 77 países, a OMS adverte contra uma "resistência ampliada aos antibióticos mais antigos, que também são os mais baratos"."Em alguns países, em particular os de orçamento elevada, onde a vigilância é mais eficaz, detetam-se casos de infecção impossíveis de tratar", completa a nota da OMS.

Do total de pessoas afetadas todos os anos, cerca de 35,2 milhões vivem na região Pacífico Ocidental da divisão estabelecida pela OMS (Austrália, ilhas do Pacífico, China, Japão, entre outros); 11,4, na região do sudeste da Ásia; 11,4, na África; 11, nas Américas; 4,7, na Europa; e 4,5, no Mediterrâneo Oriental.

Segundo a OMS, "o menor uso dos preservativos, o maior número de viagens, as baixas taxas de deteção da infeção, assim como um tratamento inadaptado" contribuem para o aumento dos casos.

A gonorreia é uma infeção que pode afetar os órgãos genitais, o reto e a garganta. É transmitida durante a relação sexual sem proteção, por via oral, anal ou vaginal. "As complicações afetam muito mais as mulheres, que se expõem, em particular, a um risco de doença inflamatória pélvica, a uma gravidez extrauterina, à esterilidade, assim como a um risco aumentado de infeção pelo VIH/Sida", destacou a OMS.

Atualmente existem somente três novos medicamentos em estudo. "Procurar novos antibióticos não é muito atrativo para os laboratórios farmacêuticos", critica a OMS. A razão principal - denuncia a organização - é que "esses tratamentos são ministrados unicamente durante períodos curtos".

A OMS associou-se recentemente à entidade independente "Iniciativa Medicamentos contra as Doenças Esquecidas" para tentar desenvolver novos antibióticos. "A longo prazo, será necessária uma vacina para prevenir a gonorreia", alerta o diretor do Departamento de Resistência aos Antimicrobianos da OMS, Marc Sprenger.

A organização insiste na importância da prevenção, com "comportamentos sexuais mais seguros, em particular, o uso correto e regular do preservativo".

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