Mais de 100 mil pessoas morrem todos os anos vítimas de picadas de cobra, mas esse número pode aumentar caso não haja mudanças na produção farmacêutica. O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS) que denuncia a escassez de soro antiofídico em todo o mundo.

A OMS incluiu este ano a mordedura de cobras na lista de doenças tropicais esquecidas, visando aumentar a consciencialização para o problema.

Esta agência das Nações Unidas está a trabalhar para a produção segura de antídotos efetivos e, por isso, começou a testar antídotos contra picadas de diversas cobras venenosas do continente africano, informa a radiotelevisão alemã Deutsche Welle.

"A primeira fase de testes de laboratório foi concluída. A próxima fase será de testes de eficácia em camundongos", informa Micha Nübling da OMS. "Mas ainda podem ser necessários mais 12 meses para a produção começar", frisa Nübling.

África, onde estão as vítimas mais indefesas

Só no continente africano, 30 mil pessoas morrem todos os anos vítimas de picadas de serpentes. A farmacêutica francesa Sanofi Pasteur encerrou a produção do fármaco Fav-Afrique em 2014, produto eficaz contra o veneno de muitas serpentes africanas e que combinava antídotos contra o veneno de várias cobras.

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Cada veneno precisa de um antídoto específico, já que nem todos os antídotos são eficazes contra todos os tipos de cobra. Quando uma taipan asiática ataca, apenas um antídoto feito a partir do veneno do mesmo género desta cobra é eficaz. Ou seja, o soro do veneno das cobras indianas é ineficaz em África.

"No Gana, quando um produto indiano substituiu o francês em 2004, a taxa de mortalidade por mordeduras de cobra aumentou seis vezes", ressalta David Williams, especialista em serpentes da série Snake Hunter.