A recomendação anterior fixava essa idade mínima nos 40 anos.

Como justificação, a Sociedade Americana do Cancro alega que não há evidências de que o exame é suficiente para salvar vidas nesse período de tempo entre os 40 e os 45 anos.

Ao mesmo tempo em que mulheres mais jovens estão a ser aconselhadas a começar mais tarde a realização da mamografia, sugere-se que as mulheres com mais de 55 realizem o exame apenas a cada dois anos - e não anualmente, como acontece hoje naquele país. Em Portugal, a recomendação para as mulheres entre os 50 e os 69 anos é a realização do exame a cada dois anos, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

"Desde que a última atualização foi publicada em 2003 [nos Estados Unidos], acumularam-se novas evidências, com base em acompanhamentos de longo prazo de testes de controlo aleatórios e estudos de campo", afirma a organização, num texto publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA).

As mulheres devem, no entanto, ter a possibilidade de começar os exames anuais aos 40, se quiserem, esclarece a Sociedade Americana do Cancro.

Maior aposta em outro tipo de exames

O cancro de mama é a forma mais comum da doença entre mulheres de todo o mundo. Também é uma das formas mais letais de tumor maligno, a par do cancro do pulmão.

A deteção prematura pode aumentar as hipóteses de sobrevida (tempo de vida após diagnóstico de doença terminal). Contudo, realizar mamografias em todas as mulheres a partir dos 40 pode trazer outros problemas: falsos positivos, biópsias indispensáveis, cirurgias para a remoção de massas que podem não chegar a oferecer perigo, além de potenciais complicações cirúrgicas.

Evidências de testes clínicos mostram um benefício pequeno proporcionado pelas mamografias, quando se trata de salvar vidas entre as mulheres mais novas, afirmam Nancy Keating, da Harvard Medical School, e Lydia Pace, do Brigham and Women's Hospital, num editorial que acompanha o artigo.

Segundo estas investigadoras, a mamografia regular pode prevenir mortes por cancro de mama em pelo menos cinco em cada 10 mil mulheres na faixa dos 40, ou dez em cada dez mil na faixa dos 50.

"Por isso, cerca de 85% das mulheres aos 40 e 50 anos que morrem de cancro de mama teriam morrido de qualquer das formas, apesar da mamografia", relatam.

Segundo a Sociedade Americana do Cancro, a aposta na prevenção deve centrar-se em testes mais sofisticados de controlo, como a análise de fatores de risco genéticos nas mulheres mais jovens.